Os amores de verão

E lá vamos nós para uma narrativa interrogatória.

Eu não gosto quando falo isso, porque sei que eu mesma terei dúvidas sobre o que direi.

Seria o amor que nos prega uma peça ou nós pregamos uma peça no amor ??

Desde quando existe a palavra amor e o que é seu real significado ??

Às vezes me surpreendo ao querer saber o que amar.

Claro, não me refiro a amor materno ou amor fraternal, desses que dizem ser incondicional e pra toda vida por ser unido por laços de sangue e etc.

Refiro-me a esses amores eternos e para sempre que surgem do nada na vida das pessoas.

Seria esse amor eterno !? Esses 'pra sempre' durariam realmente até 'que a morte nos separe' ??

E quando achamos que encontramos nosso príncipe encantado, mas na verdade ele foi só mais um sapo ?

Como lidar com a desilusão ?

Será que conseguiriamos passar por cima de tudo e todos por nosso verdadeiro amor, ou deixariamos passar e procurariamos outro 'verdadeiro amor' ?

Será que no final tudo valerá a pena ? Ou terá valido a pena tudo no final ?

Será a eternidade realmente eterna ? Ou será até onde durou o amor e sempre será feito o desfecho com a frase clichê : 'Foi eterno enquanto durou'.

Mas será que realmente durou tempo necessário para ser chamado de eterno ? Será que foi intenso o suficiente ? Será que foi vivido com a alma ? O coração ? E o corpo ?

Enfim, será que amores são sempre para serem vividos ? Ou basta uma meia entrega ? Será que não é possível viver uma meia paixão ? Um meio amor ? Um sentimento que dura muito menos que a eternidade, mas valerá muito mais a pena sem ter durado mais.

Os amores de verão ... de outono... de primavera... de inverno... ah ! Os amores de estação...

Lembro-me de um caso de amor de verão... Ela foi passar as férias na casa de uma tia, e o conheceu... Ele brincava de bola na hora que ela passou pela rua dele, houve uma rápida troca de olhares... Ele a fitou de um modo que a deixou corada.

Ele fez um sinal com a mão para que ela o esperasse...Ela o esperou.

Ele se aproximou, se apresentou e conversaram horas como se já fossem amigos de longa data, falavam sobre gramática e regras de português, quando ele sorriu de um modo tão precioso, um daqueles momentos únicos, naquela exata hora, o sol iluminou o rosto dele, e fez com que os olhos verdes dele, ficassem ainda mais verde, e ele sorriu, sorriu um sorriso de segundos que para ela foi quase uma eternidade, ele se aproximou e a beijou.

Um beijo que misturou medo, ansiedade e vontade. Ele se beijaram e selaram o beijo com o selinho e um sorriso.

Começou ali uma história de amor de verão, cheia de beijos, abraços, mãos dadas, árvores com nomes gravados, promessas de 'para sempre', e lágrimas no fim do verão... Lágrimas do fim que havia chegado, das noites sem dormir direito pensando um no outro. E a certeza de que aquilo foi para sempre.

Dai eu me pergunto: Não existe um pra sempre mais breve ? Um sentimento tão forte que é capaz de ser eterno por ter durado uma única estação ?

Existe... Ele existe.

Tudo isso valeu a pena no final, o sofrimento e a dor são substituidos pelo sentimento que os uniu um dia.

Não importa o porquê ele a chamou ali naquele dia, o importante é que ele o fez e ela correspondeu.

Ela podia ter passado direto, não ter dado importância.

Mas o Universo sabia que era para acontecer, e aconteceu.

A morte não os separou, mas a vida os uniu um dia.

Ele não era o príncipe encantado dela, mas ele a fez se sentir como uma princesa por uma estação...

Acho que os amores não precisam ser eternos, basta que durem o suficiente para se tornarem inesquecíveis.

Viviane Heleno
Enviado por Viviane Heleno em 19/09/2007
Reeditado em 19/09/2007
Código do texto: T658994