Dia dos filhos
Ainda na semana do Dia dos Pais, gostaria de aproveitar minha condição – de pai – para prestar uma homenagem inversa a quem me tornou pai. Porque uma das maiores responsabilidades de todas é escolher trazer para este planeta mais uma vidinha que terá como missão aprender a conviver bem neste mundo já cheio de gente. Ter um filho é convidar um estranho para fazer parte do resto da sua vida. É escolher um personalizado avatar de Krishna que vai lhe ensinar, mesmo quando suas forças – e sua paciência – se esgotarem, que o mais importante de tudo é servir com amor, sem esperar nem obter nada em troca além da própria chance de usar o seu amor. Talvez ser pai (talvez qualquer coisa que se faça na vida) sirva mais para aprender do que para ensinar, e o quanto eu aprendo com a alegria radiante do meu filho ao me rever no fim de cada tarde; com seu abraço carinhoso; com sua vontade espontânea de querer ficar comigo; quando conversa comigo sobre tudo; quando ele diz que me ama, todos os dias. Por isso, meu Cauã, meu falcão, meu pequeno buda, obrigado pela visita e obrigado a me ensinar a ser pai para você. Você alegra o meu dia todos os dias e me faz querer ser continuamente um pai e uma pessoa melhor. Amo suas estórias, seus questionamentos e críticas; suas invencionices, suas brincadeiras e palhaçadas; sua empolgação pela vida e seus planos para o futuro; sua força de vontade, às vezes uma insistência irreverente, mas que sei que levará você mais longe; sua alegria de viver tanto grandes emoções quanto deslumbrar o passeio de uma formiga pela grama – ou agradecer vivamente por uma refeição levemente diferente, que será sua nova melhor comida de todo o universo. Você tem a sofisticada visão de mundo pelos olhos de um poeta bon vivant. Porque este mundo é para quem percebe as coisas, e eu percebo que você percebe o mundo, afinal, eu percebo você todos os dias, e você sabe disso. Por isso, eu agradeço a você, Cauã, por ter-me feito seu pai e companheiro de viagem. Agradeço por isso todos os dias.