DIA DOS NAMORADOS,
UMA "QUASE" CRÔNICA PARA UM AMOR CRÔNICO,
OU, O DIA DOS DIAS DO NOSSO AMOR


[ VIAJANDO AO SOM DE DIANNA ROSS, BONNIE TYLER,
MINNIE RIPERTON, KATE BUSH, GLADYS KNIGHT, PHOLHAS,
CHICAGO, CREDENCE CLEARWATER REVIVAL, ROD STEWART,
ELTON JOHN, JACKSON’S FIVE, TERRY WINTER…
]


 




ANOS 70... RUA LAURA CAMINHA MEIRA...
ILHA DE NOSSA SENHORA DO DESTERRO,
CAPITAL DE SANTA CATARINA...
NÃO SEI PRECISAR O DIA E MÊS, QUAL O CICLO DA LUA,
SE ERA VERÃO, PRIMAVERA, OUTONO OU INVERNO...
CREIO QUE TODOS OS DIAS E MESES SE FIZERAM UM,
POIS, SOL E LUA, NUMA FENOMENAL METAMORFOSE,
GERARAM A EXPLOSÃO DE TODAS AS ESTAÇÕES,
A MULTIPLICIDADE DE CORES, SENTIMENTOS E MOMENTOS,
GERANDO UM NOVO MUNDO, UM UNIVERSO PARALELO.
PARECE COISA DE CINEMA? NÃO PARECE, FOI E CONTINUA SENDO!
NEM MESMO “COPOLLA” OU “SPIELBERG” RECRIARIAM OU SEQUER IMAGINARIAM O CENÁRIO, A BELEZA E O DOCE ARREBATAMENTO
POR MIM VIVIDO QUANDO DA MINHA ESTRÉIA NO AMOR...
... SEM ROTEIRO, NENHUM ENSAIO,
EU APENAS DEIXEI-ME MAGNETIZAR PELO EXPRESSIVO
E PROFUNDO OLHAR DE UMA BELA “DESCONHECIDA”.
BOOM CINEMATOGRÁFICO...
NAQUELE INSTANTE NASCEU O AMOR... PRA MIM.
MAS, QUEM ERA AQUELA JOVEM?
QUAL O SEU NOME? TERIA NAMORADO?
DIAS DEPOIS, “POMBOS-CORREIOS”
TROUXERAM-ME BOAS E MÁS RESPOSTAS:
- “O NOME DELA É SALETE,
MORA COM A MADRINHA DELA, “NITA”,
E ESTÃO MORANDO HÁ POUCO TEMPO AQUI NA RUA...
MAS, TEM NAMORADO...”.
AS PRIMEIRAS NOTÍCIAS ERAM BOAS...
O NOME SALETE SOAVA COMO AGRADAVÉL MÚSICA NOVA
AOS MEUS OUVIDOS.
É CLARO QUE CONTINUEI OUVINDO (E AINDA OUÇO),
AS BALADAS QUE FIZERAM A JUVENTUDE DA ÉPOCA
SUSPIRAR E SONHAR.
MAS, O NOME SALETE, NÃO CALAVA MAIS EM MIM...
DOCEMENTE, ECOAVA NOS MEUS OUVIDOS,
DIFUNDINDO-SE PELA MINHA MENTE, ESPÍRITO, E, RESSOANTE,
INSISTIA EM ESCAPAR PELOS MEUS LÁBIOS... AH, SALETE!
OUTROS DIAS SE PASSARAM, E, AMARGAMENTE,
DESPERTEI DO TRANSE MOMENTÂNEO...
A MINHA AMADA TINHA UM NAMORADO...!
TINHA... DEPOIS... TEVE MAIS DOIS.
JUNTEI OS CACOS DO MEU AMOR,
RESGATEI AS VELHAS MÚSICAS E MERGULHEI NA “FOSSA”,
JURANDO DE LÁ NUMCA MAIS SAIR.
NÃO TEVE JEITO... A “FOSSA” NÃO ERA PRÁ MIM.
O AMOR ERA (E, É) MAIOR QUE EU.
ENTÃO, SÓ RESTAVA-ME LUTAR POR ELE.
MAS, COMO LUTAR?
COMO SUPERAR A DOR DE VER A MINHA AMADA
NOS BRAÇOS DE OUTRO?
MUITO JOVEM, UM PERFEITO BABACA,
DEIXEI QUE O LADO MAIS TOLO DA MINHA MENTE
TOMASSE CONTA DE MIM... QUANTAS IDÉIAS RUINS...
A RAPIDEZ COM QUE A MINHA MENTE
ELABORAVA OS MIRABOLANTES PLANOS
PARA SEPARAR A MINHA AMADA DO SEU NAMORADO,
ERA A MESMA QUE OS DILUÍA PERANTE A CONSTATAÇÃO
DE TAIS IDIOTICES. COMO ERA FÁCIL E BOM RIR DE MIM... COMIGO.
APÓS INCONTÁVEIS PLANOS E MERITÓRIAS DESISTÊNCIAS,
SILENCIEI A TOLA MENTE, DEIXANDO FALAR O “CORAÇÃO”:
IMAGINEI UM PRÍNCIPE GUERREIRO
QUE PARA CONQUISTAR A SUA PRINCESA,
PRECISAVA ENFRENTAR O DRAGÃO, CONQUISTANDO-A...
A IDÉIA PARECEU-ME BOA... VOU AFUGENTAR OS “DRAGÕES”,
CONQUISTAR A MINHA AMADA, E, SER FELIZ.
QUAL O PRÍNCIPE QUE IMAGINEI (LONGE DE SÊ-LO)
BUSQUEI A MELHOR ARMADURA: O AMOR.
ESTANDO NOS ANOS SETENTA,
PRESUMI QUE AS VESTES DE UM PRÍNCIPE
DEVERIAM SER IMPACTANTES:
VESTI O MEU MACACÃO JEANS COM A CAMISETA “HERING”,
CALCEI O TÊNIS BRANCO (NÃO PODERIA IR DE TAMANCO),
E FUI AO ENCONTRO QUE HAVIA MARCADO
VIA “BILHETE” COM A MINHA AMADA.
COM O CORAÇÃO NA BOCA E AS “VÍSCERAS” EXPOSTAS,
CAMINHEI NÃO MAIS QUE CINQUENTA METROS.
EU MORAVA NA CASA DE NÚMERO 57, A SALETE MORAVA NO 66.
CINQUENTA METROS? PARECIAM CENTENAS, MILHARES DE METROS...
TALVEZ, CINQUENTA ANOS LUZ...
PROXIMO AO MURO DA CASA DA SALETE,
APESAR DA VOZ TRÊMULA QUERER EMUDECER-ME,
CONSEGUI CHAMÁ-LA...
APARENTANDO NÃO QUERER “PAPO”, A SALETE APARECEU NA JANELA.
TENTEI CONVERSAR, MAS, A DISTÂNCIA ME INCOMODAVA.
CADA FRASE MINHA TINHA QUE SER REPETIDA.
É CLARO QUE EU ESTAVA FALANDO BAIXO,
MAS, ATÉ HOJE, EU CREIO QUE A SALETE ADOROU CADA FRASE
DAQUELA NOSSA PRIMEIRA CONVERSA. AO FINAL DE CADA FRASE,
DE CADA PERGUNTA, OU, INTERVENÇÃO MINHA,
ELA PEDIA QUE EU REPETISSE.
FUI REPETINDO ATÉ NÃO MAIS PODER...
NÃO RESISTINDO AO DESEJO DE TÊ-LA PERTINHO DE MIM,
FALEI QUE CASO ELA NÃO ABANDONASSE A “PROTEÇÃO”
DA SUA JANELA, EU IRIA GRITAR
PARA QUE TODOS OS QUE ALI PASSAVAM,
SOUBESSEM O QUE EU TINHA PARA DIZER.
NÃO DEMOROU MUITO, E, A SALETE ABANDONOU A JANELA
E VEIO “CONVERSAR” COMIGO, OU, SEJA,
INFINITAS VEZES, PEDIR PARA QUE EU REPETISSE ALGO.
E NAQUELE MOMENTO, ERA O QUE EU MAIS QUERIA:
FALAR REPETIDAS VEZES DO MEU AMOR...
DO AMOR QUE INVADIU-ME E TORNOU-SE CRÔNICO.
TEMENDO NÃO TER OUTRA OPORTUNIDADE,
EU APENAS PEDI QUE A SALETE OLHASSE PRÁ MIM...
E EU OLHANDO FIRMEMENTE AQUELE BELO OLHAR,
ENTOEI A MAIS BELA TRILHA SONORA:

 
...“ EU TE AMO ”...

 
MUITOS ANOS SE PASSARAM...
HOJE, A SALETE É MINHA ESPOSA... MINHA ETERNA NAMORADA...
COMO EU NÃO SEI EXATAMENTE QUAL FOI O DIA
QUE “DECLAREI” O MEU AMOR PARA A SALETE,
APROVEITO O DIA DOS NAMORADOS
PARA NESTA QUASE CRÔNICA, LEMBRAR

 
...” O DIA DOS DIAS DO NOSSO AMOR “...

 
VOU REVIRAR O GUARDA-ROUPA,
TIRAR O MEU MACACÃO JEANS (QUE INSISTO EM GUARDAR),
E, BEM AO ESTILO DOS ANOS SETENTA,
FAZER COM QUE A IMENSA TELA, A VIDA,
JAMAIS TIRE DE CARTAZ A MINHA MARCANTE ESTRÉIA...
... QUE HAJA ETERNO REPRISES DO MEU AMOR.

 

... THE END ? ...




 
IMAGEM: O AMOR NAS ASAS DO PAINT
MORACY GOMES FILHO
Enviado por MORACY GOMES FILHO em 12/06/2013
Reeditado em 14/06/2013
Código do texto: T4337806
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