Relíquias de um amor
Já naquele tempo, os lampejos desse sentimento lhe dava a certeza que eu seria capaz de deitar na porta do seu quarto, se preciso fosse, para cuidar de você. Claro que tu também farias a mesma coisa por mim.
Ali, não tínhamos noção da dimensão do sentimento que estava crescendo dentro da gente. Com o outro sempre por perto nos sentíamos protegidos. A confiança que existia no outro nos colocava destemidos diante da vida.
Seguimos nossos caminhos, mas nunca deixamos de pensar no outro. Dentro de nós àquele sentimento continuou a crescer e sem que nos déssemos conta, ele (o sentimento) sempre foi o esteio que nos mantém vivos e fortes para tocar a vida que escolhemos.
Mesmo longe no espaço, sempre buscamos estar perto do outro, querendo-o ao “alcance” dos nossos olhos (corações).
Fizemos a nossa escolha, mas o outro sempre foi nosso porto seguro, quando pensamos nele, nos sentimos aninhados, agasalhados, protegidos e hoje mais do que nunca, sabemos que dependemos dele (o outro) para continuar nossa jornada.
Hoje, debruçados no portal da janela da vida, é impossível segurar nossos pensamentos... eles voltam ao passado, que já vai bem distante e uma nuvenzinha de arrependimento – de algo que poderíamos ter feito - se mistura com as doces e saudosas lembranças...
Independente dos caminhos que temos percorrido, com quem tenhamos andado, o outro sempre esteve e estará presente em nosso coração, em nossa alma, de uma maneira muito especial, profunda, nos trazendo a sensação de que não estamos sozinhos.
Diante dessa confiança de que o outro sempre estará do nosso lado, independente do tempo e do espaço, me leva a plagiar Rui Barbosa:
“Se um dia sentirmos que a terra cede aos nossos pés, que nossas obras desmoronaram, que não há mais ninguém em nossa volta para nos estender a mão, iremos esquecer a nossa maturidade, voltaremos à nossa mocidade, balbuciaremos entre lágrimas e esperanças a última palavra que sempre nos restará na alma...o OUTRO!”
Sim, hoje temos nossas vidas, nossos valores, romper esses laços para se juntar ao outro, causaria muita dor - não iríamos conseguir ser felizes assim. Somos “proibidos” um para o outro nesse momento, mas saberemos esperar.
Como diz a música:
“...Além da vida que se têm, existe uma outra vida além e assim, o renascer. Morrer não é o fim.”
Concordo contigo, o amor verdadeiro é eterno, vive além da morte. Mesmo que não se possa compartilhar da união de corpos, ele suporta a distância e vive de uma saudade.
Assim é esse amor... embora não possamos nos tocar, sentir o calor do outro, o abraço, o beijo, ele nos traz essa paz infinita, essa ternura antiga, esse aconchego, que inebria nossa alma e nos faz sentir eternas crianças.
Não sabemos o que o futuro nos reserva, nem tão pouco devemos saber de antemão, melhor viver a vida degustando cada momento, acreditando que o que tiver de ser será - sem prejuízo para o que escreveu Chico Xavier:
“Embora não possamos voltar atrás e fazer um novo começo, podemos recomeçar e fazer um novo fim.“
Podemos??? Hummm... taí uma pergunta difícil de ser respondida, sabemos que não é tão simples assim, tem muita coisa envolvida: vidas, valores, conceitos, etc., só tempo poderá dizer.
Esse amor é incondicional, jamais vai exigir ou cobrar alguma coisa, mas se pudéssemos pedir, pediríamos para que o outro nos deixe aninhar em seu coração.
Me deixando gostar de você... mas também, que você se deixas gostardes de mim... não tenhas medo, nem se sinta infringindo às leis de Deus, mesmo porque, diante da grandeza desse sentimento tudo que ele (o sentimento) fizer estará abençoado pelas leis Divina. Isso não vai desestabilizar as “obras” edificadas, pelo contrário, vai possibilitar uma maior dedicação para conservá-las visto que, estaremos fortalecidos na luz do amor, na luz de Deus.