Nunca devemos...
Nunca devemos menosprezar ou deixar de lado o que alguém tem a nos oferecer: pode ser que alguém nos ofereça tudo o que tem. Um amigo contou-me uma dessas histórias de suas viagens: um dia, ele no nordeste, em determinado estado, conheceu uma família da qual ficou amigo e foi convidado a almoçar. Quando chegaram ele disse que só tinha arroz, feijão e um resto de farinha de mandioca, ou melhor, de macaxeira, como diz no Ceará. A mulher deixou a maior quantidade da mistura para ele, dizendo que ele era visita. Ele disse que era muito, que não precisa. Mas ao olhar as carinhas das crianças e da mulher, ele entendeu que: se alguém nos dá algo, mesmo que seja pouco, pode ser tudo o que ela tem a nos oferecer. Modifico um pouco a ideia: se a gente ama alguém, não é porque aquela pessoa não nos ama da maneira que queremos, que ela não nos ama com tudo o que tem pra amar, de todos os modos que pode amar. Se alguém nos dá palavras, aceite: pode ser que essa pessoa já tenha se machucado muito. Se ela nos der beijos e abraços carinhosos: aceite, pode ser que, palavras bonitas, ela não saiba dizer. Se alguém nos der um olhar: olhe de volta! Quantas vezes ficamos perdidos no tempo ao mirar nos olhos mais adiante e nada receber de volta? Se eu, por exemplo, disser que só me restam palavras, não é, pois, mentira. Muitas vezes as pessoas nos criticam por dizermos coisas bonitas, palavras decoradas, frases de efeito, porém, ninguém nos pergunta o que aconteceu quando dissemos o que estava aqui dentro, no de-dentro nosso. Muitas vezes sou criticado por ser romântico: tolice! Eu, na verdade, não sou romântico: sou um usuário de palavras, de jogos.