O amor puro e verdadeiro
Eu estava a procurar o amor puro e verdadeiro, encontrei Maria na esquina da vida, que me disse coisas que não me disseram na escola, não me disseram nas ruas onde vivi perdido. Ela sorriu com um sorriso simples desinteressado e meigo, como se este sentimento que tanto procuro, fosse tão abundante quanto o ar que respiro. E num simples olhar me convenceu que o encontraria na próxima esquina.
Eu parti correndo com grande ansiedade pra encontrar o mais rápido possível o fato e esqueci de tudo que passava ao lado, ao lado da calçada um mendigo me pedia comida, ao lado do semáforo um cego me pedia para atravessá-lo, ao lado do ônibus um idoso me pedia para sustentá-lo, mas apressado cheguei a próxima esquina, nada encontrando, apenas vazio e revoltado eu xinguei Maria, xinguei de vadia aquela alma bondosa, que me deu a mão e um sorriso de misericórdia, com um olhar me deu o universo e eu com minha impaciência esqueci na primeira esquina devolvendo apenas ingratidão.
Parado na esquina eu me lembrei de tudo e arrependido me encheu de remorso, tentei voltar e consertar tudo que não fizera, mas o velho demente, já não estava mais lá, outra alma bondosa o ajudara a tempo, ao tempo que passei e não olhei o meu próximo, tentei voltar o mais rápido que podia para ajudar ao cego, mas ele também não estava lá, me vi tão perdido que pensei em morrer, por tanta desilusão de jogar fora a chance de conhecer o amor, a palavra mais bela que um dia ouvi, pensei em correr para tentar de novo, pensando em achar aquele mendigo, mas pensava comigo, desesperado:
-Eu me esqueci do cego e perdi o idoso, com certeza não encontrarei o mendigo.
Era para mim tudo ilusões, eu queria poder pedir desculpas a Maria, mas pensava que não mais a encontraria, tentava acreditar que teria solução, mas algo me embriagava a mente e eu perdia as forças, pensando até na morte para aliviar meu remorso, mas na escuridão que me encontrava, um pequeno facho de luz ao longe contemplara.Eu vi ao longe o mendigo atravessando pro outro lado, corri desenfreado me desviando dos carros que quase me mataram, tentava não perdê-lo no meio da multidão, cansado e fatigado pela culpa, com a ponta dos dedos toquei seu ombro e ele se virou. Não era o mendigo era Jesus, que com um sorriso, me perdoou, me olhou nos olhos e foi subindo na imensidão de sua glória e disse pra mim, já em prantos, ajoelhado:
-Tu és meu filho,por ti morri, voltaste com o coração arrependido e é por isso que velo por ti.
Assim eu achei o amor puro e verdadeiro, no semblante do mestre que me fez herdeiro.