Amor, êxtase que aviva

Quando a alma vibra nos longínquos e sombrios abismos,

onde turbulências físicas lhes enceguecem os olhos etéreos,

confina-se ela ao tormento do não saber que o sol raia,

do não sentir seus braços se dando aos céus de Mistérios,

e sofre, padece, mata e se enterra.

Desaprende o amor no qual tão longe viajou,

tantas colinas geladas lhe fazendo tremer,

tantos florescimentos inebriantes a fazendo sorrir,

todo o encantamento feito atalaias eternas

para encontrar felicidade e partilhar humanamente.

Então, uma manhã de rara beleza,

a fímbria dourada escorregando no horizonte,

o dulcíssimo cântico que a Natureza empresta às andorinhas,

a fragrância muda que há na graça dum vergel,

tantos Mistérios e mais Mistérios lhe apresentam o

AMOR,na forma da carne sangrenta e da melodia imortal,

para que a tênue alma viandante se adocique do Essencial.

Contudo, apegada aos libertos arbítrios,

começa a se sentir sua própria dona,

pior ainda, a dona do mundo,

que tudo pode conter com as mãos.

Descostura seu destino que era esplêndido,

esvazia-se da chama crepuscular

que acende o cosmos e seu peito habitava,

declina na insegurança e ignorância do caminhar.

O AMOR – razão do seu existir relega ao segundo plano

e se enfraquece, deixando o palor de noites sem lua riscarem sua paz.

Então enciúma, sentindo o sintoma primeiro ao adoecer do desamor,desacreditando, desconfiando, desmanchando,desvalorizando

um sentimento brotado por Deus em suas entranhas.

Cura há. Basta desprender os carnais anelos,

olhando fora de si e tentar aproximar o exterior

ao seu Eu interior,num elo forte,decisivo, inexorável,

que argrura alguma jamais desequilibre

e enfraqueça o amor.

E adeus ciúme,

sentimento ignóbil de apego vão, disperso de emoção!

Amor florindo ao amor, aos beijos,

feito chuvas cobrindo a terra com perfume ocre,

e lua raiando submissa de pego em pego semeando sonhos.

Santos-SP-11/08/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 11/08/2006
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