LAGOA VELA BRANCA OU LAGOA DOS PATOS
Localizada no bairro da Pituba, entre a Rua Piauí e Maranhão (Salvador-Bahia), a Lagoa dos Patos como é conhecida pela maioria, está cercada por conjuntos habitacionais, sendo uma passagem obrigatória para uns e opção de Cooper, Entretenimento e Lazer para outros.
A lagoa dos Patos tem um passado... Algo muito triste, que aconteceu, mais ou menos na década de 70.
Nesta época pertencia a fazenda Juventino Silva e possuía uma espessa área verde com muitos pés de coqueiros e uma extensão bem maior do que a de agora, em águas.
Localizada a alguns metros da Escola Sátiro Dias, abaixo do Beco da Cultura, onde existiam a Escola Polivalente de Amaralina e o Colégio do 2º Grau Professor Carlos Menezes de Sant’Anna.
Esta lagoa oferecia uma atração inexplicável, aos jovens alunos desses complexos escolares, que pareciam ser seduzidos por sua beleza natural. Muitos filavam aulas, outros iam após o término das aulas, para ir tomar banho, fazendo até apostas para ver quem chegava à outra margem, primeiro. E com muita freqüência um ou dois garotos, não conseguiam retornar para as suas famílias. No dia seguinte era aquela tristeza. Pais desesperados, professores inconsolados e a comunidade de luto. E ainda havia o pior, que era esperar pelo corpo para ser sepultado e não ter sequer, a esperança de executar esse sepultamento.
Era como se a lagoa o tragasse para as suas profundezas e nesse abismo, permanecia para sempre. Quantos pais morreram na busca dos seus filhos. Atuando com ansiedade, agindo por impulso, se atirando e não conseguindo mais retornar. Tornando maior a tristeza...
E nem o corpo de bombeiros era capaz de solucionar a questão. Por haver simplesmente uma lama muito densa no fundo dessa lagoa.
Muitas famílias foram mutiladas por até haver perdido dois filhos num só dia e também os membros que na tentativa de resgatar o corpo, lá ficavam...
Corpos que jamais vieram à tona para o último adeus.
E são poucos os que possuem o conhecimento destes fatos... Muitos mudaram de localidade para apagar da mente o quadro lamentável da dor. Outros tiveram que esquecer e continuar com suas vidas.
Centenas foram parar nesta lagoa, aprisionados por um desejo de total liberdade. Crianças, jovens, adultos... que um dia, sonharam e que foram esquecidos, como se nunca existissem de fato.
A lagoa agora exibe paisagens de calmaria, e mesmo apesar de se encontrar sem aquela vida verdejante, sem o conjunto das águas de antes, vive silenciosa diante de um passado assombroso.
Naquela época ninguém compreendia... o porque daquelas vidas serem ceifadas, mesmo com tantos conselhos e exemplos.
Os pais, o corpo docente, os párocos e a comunidade em massa, proibiam a ida à lagoa, mas era como se houvesse um chamado maior... algo incompreensível, que arrastava sempre para o fundo de suas águas, onde somente havia lama, escuridão e morte. Todo mês perdíamos vidas e tão perto dali o mar soberano, calmo e convidativo.
Hoje quando eu a vejo, com crianças brincando, pessoas se exercitando, cercada pelo conjunto residencial Vela Branca e em estado de degradação... penso no que poderá ser feito, para que haja um pouco de respeito à tantas vidas humanas, que sem querer esta lagoa tragou.
E aqui peço, neste texto que ousei postar, como prova de conhecimento, desse tempo em que até a própria lagoa se mantém esquecida.
Prefeitura, vereadores, Moradores desse loteamento, expressem sentimento!
E ergam em memória dessas vítimas um humilde Monumento!
Não se pode esquecer a história de um lugar,
por ser a ela, a identidade do mesmo!
Fim desta, Cristina Maria O. S. S. - Akeza.
quarta-feira,
28 de maio de 2008.