Amigos

Talvez julgamos tê-los em número inexpressivo, mas tenhamos a certeza que são o reflexo de nossas peregrinações através dos milênios e de que como nos comportamos perante os semelhantes. Colhemos na pessoa de nossos amigos, ou na ausência deles, os frutos dos caminhos que escolhemos trilhar, da maneira mais honesta ou nem tanto através da qual nos apresentamos diante do mundo e de nossa consciência.

Talvez os fúteis e bajuladores acreditem tê-los em maior número, enquanto que aqueles que procuram viver sem ferir, sem trapacear, embora sem a ilusão da santidade, terão em maior intensidade. Não importa ter vários postes em nossa caminhada, sem fiação e luz que realmente possa nos clarear a mente e o coração nos momentos difíceis.

Quem escolhe o bom combate se sente quase sempre com poucos amigos neste campo de batalha. Mas se sente ainda pior quando tenta se adaptar a um mundo que não é mais seu, a uma evolução que já superou.

Quem combate o bom combate segue, no entanto, feliz e grato, por saber que ainda que não os veja, ainda que distante alguns quilômetros ou mesmo separados por planos diferentes da vida, quando precisar seu amigo estará com ele. E não precisa nem mesmo fazer alarde ou tocar sirene. A dor de um amigo é a sua própria dor. A dor de um amigo invoca naturalmente outro amigo.