Eternizando o tempo
Perdoe-me a indiscrição.
Quantos anos você tem, meu irmão?
Ah... Já viveu um montão!
Lembra-se do seu primeiro desejo de singela ilusão, o qual deve tê-lo conseguido, pela mais simples tradição... Mas o referido desejo é mera insistência para que você avalie a rapidez com a qual o tempo se fez presente na sua existência. Um sonho que passou num abrir e fechar de olhos. A sua perfeição tornou-se imperfeita, e o seu traçado foi tracejado sem jeito... Aquele seu belo amor, um encantamento em flor, amarfanhou-se por fora e por dentro. Agora a pele de tenro pêssego transformou-se em casca de maracujá passado da hora. É o tempo, meu irmão, eternizando o seu coração. O seu doce amor tornou-se acre, o seu olhar tornou-se ocre, e você tem de ser craque ao temperar a sua antiga tolerância. O seu amor é cego, portanto, não enxerga essas nuanças. Você é privilegiado, pois, tem a consciência de que somente ele não envelhece.
Não envelheceremos jamais, quando nos metamorfosearmos em amor...