A figueira sem frutos
"E Jesus contou a seguinte parábola: — Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Então disse ao homem que cuidava da vinha: "Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não encontro nada. Portanto, corte-a! Por que ela ainda está ocupando inutilmente a terra?" Mas o homem que cuidava da vinha respondeu: "Senhor, deixe-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e ponha estrume. Se vier a dar fruto, muito bem. Se não der fruto, o senhor poderá cortá-la." (Lucas 13:6-9)
Esta parábola foi contada no bojo de um episódio triste envolvendo a ordem de Pilatos para matar alguns galileus. Além disso, nada mais se sabe o porquê dessa ação. O mais importante é que as pessoas que estavam ouvindo Jesus interpretaram essa ação cruel, achando que os galileus estavam sofrendo um castigo divino (Lucas 13:2-3). Jesus refuta essa ideia e reprova esse conceito, e adverte: "se, porém, não se arrependerem, todos vocês também perecerão." (Lucas 13:3)
A figueira ocupava uma posição favorável, junto com a videira e a oliveira, e era comum ver pelas terras de Israel, onde pudessem ser plantadas, já que a terra era pouca e pobre. E entre as vinhas era possível ver figueiras, macieiras e espinheiros, e eram plantados em qualquer lugar onde pudessem crescer. Essa figueira em questão teve mais que uma oportunidade de dar seus frutos e não havia sido digno dela. A Lei Mosaica ensinava que toda árvore plantada pelo povo não teria seus frutos consumidos nos três primeiros anos, no quarto os frutos seriam consagrados ao Senhor, só a partir do quinto ano o povo usufruiria dos frutos da árvore. Mais uma vez Jesus trazia aos homens a lembrança de que seriam julgados de acordo com as oportunidades dadas a cada um.
Uma vinha exigia cuidados especiais. Solo muito bom, chuva regular, clima bom, sem ventos fortes. A figueira estava exatamente num solo desses, privilegiado, fértil. Recebia os mesmos cuidados que a vinha recebia, as mesmas oportunidades. Diante desse quadro esperava-se que dê frutos, e frutos bons.
Durante o processo de evolução, afirma-se que é necessário produzir coisas úteis. O que for útil crescerá e se desenvolverá, mas o que for inútil acabará sendo eliminado. O que nos leva a uma pergunta crucial e profunda: Que utilidade tenho neste mundo?"
O tema da parábola é o julgamento iminente sobre Jerusalém, uma pré figuração do julgamento final, o dia do juízo. E tem mais, a parábola nos ensina que nada que apenas tira, ou extrai pode sobreviver. A figueira no caso estava se alimentando, tirando forças da terra que ocupava, e em troca, nada produzia. Não era apenas inútil, mas dava prejuízo. O normal seria arrancá-la e lançá-la ao fogo.
Trazendo para a nossa realidade, podemos dizer que há dois tipos básicos de pessoas no mundo: 1) os que tomam mais que dão; e 2) os que mais dão que tomam. Todos nós, então, estamos em dívida com a vida. Somos um risco para as pessoas, e sobrevivemos por misericórdia, já que alguém tomou conta de nós. Somos herdeiros de uma sociedade que não criamos, e gozamos de uma liberdade que não foi conquistada. Sobre essa égide, pesa sobre nós o dever de retribuir com condições melhores da que recebemos.
"[Deus]Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira." (Salmos 103:9)
Através do decorrer de nossas vidas, Deus tem nos oferecido muitas oportunidade, uma diferente da outra, para pôr enfim, abandonarmos o pecado e nos arrependermos, isso não será sempre, um dia chegará o tempo em que a graça e a misericórdia serão removidas e o juízo será aplicado. Hoje vivemos um tempo de oportunidade, mas a qualquer momento este tempo findará e a oportunidade de salvação será tirada. A figueira estéril será cortada e se perderá para sempre.
Boas ações todo ser humano, de qualquer canto do planeta, é capaz de produzir, Jesus mesmo demonstrou que os fariseus, sendo maus, sabem ser dadivosos aos seus semelhantes. Mas o fruto dos lábios dos que seguem a Cristo, aqueles que creem, de fato, são os frutos dos ramos ligados à Oliveira verdadeira. Professando a mensagem da cruz, que é salvação para o perdido.
Jesus aqui torna expresso o seu desejo de outorgar mais trabalho através do evangelho a fim de estimular a produção de frutos, caso contrário o inevitável juízo virá. E ninguém poderá se eximir da culpa ou reclamar da paciência e da misericórdia de do Senhor, ou questionar Sua justiça.