Um dia de fúria
Oh' amarga tristeza de um vasto coração vazio.
Oh' saudade que toma meu ar e devora minhas forças.
Já não tenho mais vontade de ser eu.
Já não sei mais nem quem sou.
As águas dos rios já não acompanham mais o seu ritmo.
Os peixes não desovam mais nas cabeceiras.
A água não vem mais de cima.
Será que já sentiram falta de tudo do natural agir, seguir, fugir, mentir ou simplesmente dizer sentir?
Rebelde e violenta verdade,
que viola o sentimento sem se deixar permitir.
Para que resistir se não há forças para lutar, para que lutar?
Se sabes que nunca ganharás a guerra, se não se tem um pingo sequer de munição em suas grandes armas.
Por que grandes?
Porque? Como grandes?
Elas não existem, são apenas fagulhas desprezadas pelos delírios de uma mente vazia,
que se deixa ser límpida de controle.
''vasto espaço de um agir sem dono'', ''calado espasmo de pensamento arredio'',
Não se explica nem se entende.
O caminho! O destino!
O hoje, amanhã será ontem, assim é a cina, a sena o sino.
O coração a badalar sozinho, com frio e fome. Cansado,
calado. Apenas aquecido pela pouca luz de parafina e seu pequeno fio de ceda.
Oh' Pai! Será que o ontem não se lembra de mim hoje?
Será que o sangue e a virtude humana não se misturam? O afeto se perdeu do amor?
Ou nunca houve uma vida conjugal entre ambos?
Não dá! Já não sei se sei saber ser eu ou ser um rio que
corre rumo as montanhas.