“ELA” em a Passagem/Desligamento II

II

Cinco anos após o caso de Ana, recém casada, “ela” resolve dar o ar da sua graça, bate palmas no portão uma menina de uns nove anos aproximadamente babá de um garotinho neto dos vizinhos e perguntou pra mim e para minha mãe se nós conhecíamos quando alguém estava morrendo, pois ela estava sozinha com o bebê na casa, a filha do vizinho tinha saído pra ir até o banco, e todos trabalhavam na casa, então logo soubemos que se tratava do avô da criança, pois ele era limitado devido a seqüelas de um AVC que tinha sofrido, um idoso negro, de estatura alta de uma história e família linda, seus dias prolongados e tristes estavam por um fio, “ela” seria pontual, chegamos no local, ele estava em sua cadeira de varanda qual permanecia horas contemplando a natureza com seu olhar ao lado da sua cachorrinha amiga e fiel, minha mãe saiu apressadamente buscar ajuda enquanto eu fiquei fazendo companhia ao senhor, enquanto limpava resíduos de alimentos pelo seu peito conversava com ele tentando acalma-lo, mas quem precisava de calma naquela hora, precisava de ajuda e rápido, mas “ela” já se fazia presente, foi quando percebi que aquele senhor estava morrendo, então perguntei se ele queria que chamasse sua esposa, ele não se comunicava e naquele momento ele acenou a cabeça com um sim, ahhh cruel você não poderia esperar só mais um pouco “ela”, não, era fim da matéria, mais que pra ele, era para sua amiga fiel que não saia dos seus pés, a cachorrinha de raça pequinês também percebeu sua partida e saiu da sua posição colocando se a frente do senhor sem esboçar nenhuma reação fixou seus olhos no seu amigo enquanto lágrimas rolavam de seus olhos, olhei para o senhor e vi que elevou seus olhos para o céu, voltando para sua amiga fez um sinal de confirmação, mais uma vez e última voltou seus olhos para o céu e morreu. Soube que pouco tempo depois sua cachorrinha também morreu, saudades, ligação, não sei.