“ELA” em a Passagem/Desligamento I

I

Sinto-me mais forte e tranqüila para contar algumas experiências com “ela”, sim ela (morte), parece ironia do destino ou apenas coincidências, “ela”, esteve tão próxima de mim e tão intima, tivemos nosso primeiro encontro na adolescência com meus 15 anos de idade no leito de um hospital, eu me recuperava de uma gastroenterite aguda, uma senhora de nome Ana se encontrava em um processo de desligamento, há uma semana não se comunicava com nenhum dos seus familiares, o barulho do oxigênio era interrompido apenas por um balbuciar de ai de Ana, aquela senhora paralisada em cima da cama causava-me uma tristeza profunda, até que uma noite, se milagres existem, aquele foi um dos milagres que eu presenciei, Ana me chamou acreditando ser uma de suas filhas contei que ela estava em um hospital e eu era uma colega de leito, então conversamos a noite toda, perguntou-me de seus filhos, noras, netos, e outros, como não os conhecia e sem saber o que dizer a tal mulher simplesmente dizia que eles estavam bem e que estavam preocupados com ela, que as visitas eram freqüentes, Ana perguntou meu nome e agradeceu pelas informações, e disse-me que os amava e estava cansada, apenas disse que sem problemas, que era para ela dormir para poder descansar e logo mais seus filhos a visitariam e Ana dormiu. Eu fiquei feliz pela Ana, ela parecia está se restabelecendo e sua família teria uma grande surpresa. Já havia amanhecido quando me dei conta e cansada também adormeci, como a avaliação médica era bem cedo. Acordei Às 7:20h. para me preparar para esperar meu médico, foi quando ouvi um barulho diferente do aparelho que a Ana usava para respirar, então tive uma sensação que não estava só, olhei para a Ana e parecia se mexer, como se o seu corpo estivesse despreguiçando por debaixo do lençol, quando olhei na direção da porta vi umas três ou quatro enfermeiras, não as identifiquei e disse o aparelho da Ana parou, aquelas pessoas parecia não me ouvir, meu coração acelerou então resolvi cobrir a cabeça, foi quando a porta se abriu e algo tocou meus pés, aterrorizada, meu grito sufocado pela situação que me encontrava de fraqueza, por estar dias sem me alimentar não saiu, uma voz suave disse, bora tomar banho, era a enfermeira, aliviada e tremendo perguntei sobre as outras enfermeiras, ela disse que não tinha outras, que ela estava só em duas naquela manhã do banho, sem acreditar eu disse pra ela dar uma olhadinha na Ana, porque acreditava que ela tinha morrido, então ela verificou e confirmou a ausência de batimentos cardíacos daquela pobre senhora, saindo rapidamente para chamar o médico plantonista me deixou com o corpo de Ana, sem saber o que fazer saí do meu leito rumo a porta, fraca sem forças me deparei com um enfermeiro no corredor que questionou a minha saída sem permissão, só recordo de ter dito Ana morreu e me deixaram trancada com ela no quarto e sem mais desfaleci nos braços do enfermeiro. Umas 13:00h. já em outro quarto meu médico entrou e disse que eu estava alterada, dizendo coisa com coisa, resolveu dar um calmante que eu dormiria e iria ficar tudo bem, apaguei de novo, meu “boa noite cinderela” foi interrompido por vozes e passos que soavam no corredor, algumas pessoas e minha mãe no quarto aguardavam serenamente que eu despertasse, aos poucos fui dando conta de quem se tratava, além da minha mãe era os familiares da Ana, então eu contei a eles o que tinha vivido aquela noite com Ana, todos choraram e me agradeceram, pois não restavam duvidas que Ana tinha tido uma súbita melhora para contactar os seus e como não foi possível no momento, mas eu estava ali, para ser esse elo poucas horas antes de “ela” ceifar sua vida e mais testemunhar o momento exato que o espírito de Ana foi acolhido pelos espíritos de luz na sua passagem para outro plano.

Yone Zero
Enviado por Yone Zero em 08/05/2018
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