A Intensidade

A Intensidade

Na noite de 14 de novembro de 2005, na cidade de São Sebastião do Paraíso - Mg, reunido com amigos na Chácara da Juliana e do Fabio Henrique, ouvimos de uma querida amiga a seguinte confissão:

- Quando li seus livros, suas poesias, comentei em casa que achava impossível um homem amar tanto uma mulher como você amava a Rose e quando soube o que estava acontecendo indaguei de Deus o do porque de um grande amor durar tão pouco.

Essa confissão levou todos às lágrimas e depois de devidamente refeito consegui dizer a todos que esse amor não durou pouco, durou o tempo certo e o que valeu e vale é a intensidade com que se vive o amor. O amor pode durar um dia, uma semana, um mês, um ano... Se ele for vivido com total intensidade ele durou o tempo ideal. E a minha história de amor com Rose foi vivida com essa intensidade, foi um esgotar-se por completo, não o esgotar-se de cansaço, mas o esgotar-se de transbordar, nós transbordamos de amor um pelo outro, mais ela que eu, reconheço. Se o amor assim não for vivido, a união pode completar bodas de diamantes e mesmo assim seria pouco, pois o amor não se manifestou nas 24 horas do dia a dia, viveu-se pouco ou quase nada desse amor. Houve um acomodamento, uma dominação de um sobre o outro, houve um morar sobre o mesmo teto.

A intensidade de como se vive o amor é medida pela cumplicidade com que se vive esse amor, mais, com a amizade que há entre os dois, pois um dia, se a ventura de juntos chegarem à velhice acontecer, muitas coisas que prendem alguns casais de hoje se esgotam realmente no sentido da palavra, esgotam-se no sentido de “não há mais”, acabou.

Não há mais a juventude física. Não há mais o sexo. Não há mais a saúde. E isso pode ocorrer bem antes da chegada da velhice.

A beleza da lugar as rugas, e roguemos a Deus que fique a juventude de espírito. Não há mais o sexo, aliás, há casais que fazem sexo, há outros que se amam. Não há mais saúde.

Assim, o que manterá o casal unido é a cumplicidade que tiveram, a amizade que cultivaram. Tenho pena de homens velhos que dizem ser a pessoa mais amiga, o companheiro de botequim, de bocha, de futebol... Tenho pena de mulheres velhas que dizem ser a pessoa mais amiga, a companheira do Grupo de Oração, da Escola de Mães, do bingo... Na velhice, a pessoa mais amiga é aquela que nos acompanhou nos momentos alegres e tristes, com ou sem dinheiro, com ou sem saúde, que educou nossos filhos junto conosco.

O amor vivido em intensidade vence as barreiras, ri junto, avança no tempo, faz o tempo, não se prostra, caminha ereto, não se cansa, “mesmo doente é guerreiro”, (Livro de Joel), não subjuga, comunga, e, principalmente, não morre, é eterno.