Mensagem Para Uma Mãe Que Abortou

Eu tinha apenas três meses...

Estava alegre...

Contando as horas, os minutos, os segundos...

Os dias, os meses, para sair do aconchego e

da escuridão do seu ventre,

enxergar a luz do mundo,

e conhecer você...

Mas isso não chegou à acontecer...

E hoje eu me pergunto por que?

Se não me querias, por que não me evitou?

Não teria sido melhor assim?

Eu queria tanto ter vindo ao mundo...

Ter conhecido o meu pai, os meus

Irmãozinhos (que tiveram mais sorte do que eu...)

E como eles poder chamá-la de mãe, mamãe,

mãezinha, mãezona ou mainha.

A maneira como eu iria dirigir-me a você,

não importa, o que importa é à alegria que

eu estaria sentindo no momento, por ter

nascido seu filho.

Mãe!

Será que posso chamá-la assim?

Por que me condenaste?

Por que me sentenciaste à morte?

Eu, um feto inocente, que não pedi

para ser gerado, e cujo único crime (se

é que posso chamar isso de crime), foi

ter sido o fruto de um relacionamento

indesejado.

Mãe!

Será que não sentes remorso por ter

condenado à morte um ser indefeso?

Mãe!

Eu queria tanto ter tido a chance de nascer,

olhar nos seus olhos,

alimentar-me no teu seio,

sugando o mais puro alimento,

o alimento da vida.

Mãe!

Nesse momento você pode estar interrogando-se

E perguntando-se, quem sou eu?

Eu sou aquele, cujo único desejo era ter nascido,

era ter sido seu filho,

era chamar-lhe de mãe...

Eu sou o feto cujo ciclo de vida você interrompeu,

impedindo-me de vir ao mundo,

impedindo-me de chamar-lhe de mãe,

impedindo-me de enxergar a luz do mundo e as

coisas belas da vida.

Mãe!

Eu não cheguei a nascer,

eu não cheguei a lhe conhecer,

e nem por isso, eu sinto raiva de você.

Mãe!

Apesar de tudo, eu lhe perdoo,

apesar de tudo, eu te amo.

Ass.: O filho que você não deixou nascer.

Romário Filho
Enviado por Romário Filho em 29/06/2017
Código do texto: T6040806
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