Este texto Poderia chamar-se: Qualquer coisa
E aquela solidão miserável
que tantos viram e viraram o rosto
e o andarilho farrapo que tu criaste?
Porque em parte o criaste
Quando irás dar-lhe o perdão?
Ou irás pedir misericórdia,
ao andarilho que criastes?
Quantos caminhos você podou durante a jornada?
Quantos amores arrancou pela raiz?
Pensas que a dor é somente sua?
Já tentou alguma vez sentir o sabor da lágrima alheia?
Ou fingir aquele sorriso hipócrita
quando encontra alguém que o ama?
Ou dar um abraço ao filho alheio com amor?
Já?
Já sentiu amor sem nunca ter doado algo parecido?
É assim que me sinto
Quando ando por caminhos sinuosos
Onde não sei o destino
Só tenho a certeza da dor da perda
Da solidão em noites insones
E da lágrima solitária
...
Deste sorriso bobo como palhaço sem platéia
Orquestra sem maestro
Perdição...
Mas onde está o pecado?
Nas ruas solitárias e egoístas
onde só eu importo
- e me entorto-
- e me perco-
tal qual solidão
- sem explicação -