Nada é para sempre
Nada nesta vida é para sempre. Por mais que tentemos ir contra o conceito do etéreo, a grande verdade é que tudo na vida é finito. Se a própria vida se despede em tons cinzas-azulados, porque um sentimento, uma pessoa, uma atitude, um pensamento não deveria ser finito?
É bonito e esperançoso imaginar que haja algo sujeito à eternidade. Algo tão forte capaz de suportar as mazelas do tempo, da distância, sem o corrompimento iniquo do passageiro. Há casais que juram amor eterno. Pessoas que se julgam eternos heróis. Homens e mulheres que anseiam criar/ser/fazer algo que seja capaz de perdurar para sempre.
Mas o “para sempre” existe?
É só questão de opinião. Quando nascemos, enquanto somos crianças, achamos que a vida será sempre brincadeiras e diversão. Na adolescência, cremos na rebeldia eterna, nos amores e amigos infinitos, e quando esses laços se rompem, imaginamos que a dor vai ser eterna. Somente quando chegamos à fase adulta é que nossos olhos da alma se abrem e começamos a perceber o quanto estávamos errados. Vemos a vida tão corrida e atarefada que temos. Vemos amores traindo, amigos fugindo. Promessas de ser eterno se esvaindo como areia dentro de uma ampulheta. Então, o “para sempre” não existe.
Eterno. Infinito. Imortal. São palavras usualmente utilizadas para expressas um sentimento forte, uma certeza absoluta que se tem naquele momento. “Vou te amar para sempre”. “Você sempre terá a minha amizade”. “Sempre pode contar comigo”. Ah, se esses “para sempre” durassem! Nossa sociedade está inflamada pelos sentimentos do passageiro, do fútil. Tudo o que importa hoje é o ter. Promessas não têm mais valor. Amizades são trocadas assim que se conhece alguém mais rico. Relacionamentos são desfeitos porque simplesmente não se tem mais a paciência de lutar pelo que deveria ser “eterno”. Nosso grande Renato Russo mais que bradou a verdade quanto cantou “Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba...”.
Não estou aqui para dizer não existam amores verdadeiros. Que durem anos, que sacudam os nossos conceitos do finito. Meu intuito, na verdade, é expressar apenas que, sabendo da fragilidade da vida, da perenidade e temporariedade de cada coisa aqui, não podemos nos dar o “luxo” de ficarmos esperando a vida acontecer. Não podemos ficar de braços cruzados, deixar as coisas sempre para depois, como se tivéssemos a eternidade para corrigirmos os nossos erros, pedirmos perdão. Não podemos, de maneira nenhuma, exaltar o “ter” em detrimento do “ser”, trocar pessoas como objetos, brincar com seus sentimentos, iludir.
E, acima de qualquer coisa, nunca, jamais, deixar de viver. Deixar de aproveitar cada momento. Cada átimo de segundo é realmente valioso, posto que somos mortais e a vida simplesmente não nos espera. Não dá para pedir pause. Não dá para apertar a tecla rew. Simplesmente, não há paradas neste trem que vai sempre em frente. Há pessoas que quando vêm se dar conta disto, já é tarde demais. Quando vem perceber a minusculosidade de nossa existência sobre a terra, o sopro de vida já está extinguido.
Aprenda: nada dura para sempre. Por isso, viva cada instante como se fosse o último de sua vida. Você não sabe se terá outra oportunidade de fazer isso.