ALTERNÂNCIA DE MULHERES!
Em todo esse tempo, alternaram-se as mulheres, os pseudo-amores, as casas, os benefícios de cada uma delas. Não há em sua alma, nenhum resquício de remorso, nenhum arrependimento ao enganar as ingênuas, as apaixonadas pelo semblante charmoso, pelo perfil austero, pela gana de conhecimentos. Tem um olhar lânguido e sempre lateral, para que não descubram o que vai em seu coração insensível e não percebam que suas palavras são só palavras encantadoras, mas sem sinceridade. Às vezes conta histórias de sua vida, mas são tão raras. Em frações de dias, pula de uma cama a outra sem pudor. Recolhe emocionalmente o que lhe oferecem, enchendo-o de orgulho de macho, viril, conquistador, inflando um ego sutilmente camuflado, mas com certeza, cheio de si. Não deixa ao sair, nenhum compromisso de voltar, de estar só com “aquela”. Não designa a nenhuma delas seu Amor Verdadeiro, por que talvez nem mesmo conheça de verdade, pois tem uma vida repleta de traições.
O que esquece é que não há mentira que dure para sempre, e um dia se quebra um dos laços sem seu afeto e que a lei do retorno existe e mais dia menos dia será cumprida. Deixa ao sair tristeza, decepção nas mulheres apaixonadas por uma máscara, ou várias, que nunca tira e é construída a cada mentira dita, a cada manutenção da mesma. Essa ou essas faces desse homem sucumbem ou descansam quando chega em seu lar “sempre vazio” e ao deitar sua consciência no travesseiro único numa cama de casal, revê como um filme diferente a cada dia, as mentiras, estórias que teve que contar para manter a alternância de mulheres. Teve tantas em sua vida, tantos afetos desprezados por ele, que terminará tão só, amargurando não ter alguém ao seu lado na velhice próxima, vivendo o silêncio, a cama vazia, o desgaste do corpo e por fim, morrerá e os vizinhos acharão o corpo. Triste fim de ... Não é Policarpo Quaresma.
Irene Freitas
10/03/2014