Cinzas do Carnaval
Aproxima-se o fim do feriadão que faz um rebuliço na sociedade. É como se a energia fosse guardada para extravasar nestes quatro dias (embora saibamos que não é assim). Ao término deste período, cada ser humano (consciente ou inconscientemente) faz uma reflexão de si, do que lucrou, do que ficou, do que restou - o que ainda existe? As alegrias tão intensas e a liberdade do tudo poder fazer ainda perduram? A energia permanece? E a vida? Que valores foram "cultivados" e "resgatados" durante este período? Quando a calmaria da vida corriqueira nos chega, traz consigo novos olhares, novas percepções, e a certeza de que "passou"... E o entendimento de que tudo foi tão efêmero. Aí, surgem as sombras de um sorriso que escondem as ruínas. Gargalhadas ao vento se propagam, escondendo emoções esvaziadas, o vazio presente e oculto. E tudo vai voltando ao ritmo de antes, o trânsito se normaliza, o comércio retoma o seu fluxo costumeiro, o trabalho sinaliza luzes... sob a égide de mais um feriado, que espalha as cinzas que restaram e convoca o ser a colocar sobre si novamente as máscaras (as máscaras antigas) e voltar ao seu antigo palco de atuação, levando a sua liberdade de vida e o seu próprio senhorio nas decisões em primeiro lugar. De tudo isto, um pensamento deveria ficar guardado nas tábuas do coração: Tudo foi tão efêmero, consolidados pelo texto bíblico de Mateus 24 (37-39). Acredito que isto traria um novo entendimento, e consequentemente novas decisões e atitudes em cada vida.