Mentes fechadas, fracassos garantidos
Já cantavam os Mamonas Assassinas em uma de suas músicas doidas: “abra sua mente, gay também é gente. Baiano fala oxente, e come vatapá. Você pode ser gótico, ser punk ou skinhead. Tem gay que é Mohamed, tentando camuflar.” Eles estavam certos, afinal.
Vivemos num país liberal. Até na literatura, faz tempo que adotamos a liberdade de expressão. Nossas crenças não precisam ser controladas ou proibidas. Quer assistir a uma missa? Legal. Um culto, uma sessão de descarrego? Vai que é tua. Visita um terreiro toda semana, acredita na reencarnação? Tudo bem. Você que manda em si. Acredite no que quiser. Mas há algo faltando muito no Brasil. Algo que deveria existir de sobra, devido à quantidade de raças, de religiões, de estilos, de jeitos, de ritmos… O respeito.
É só você acordar um dia bem concentrado, colocar o pé fora de casa e perceber as desavenças. É protestante tentando impor o que é certo ou errado no católico e vice e versa. Enquanto isso, todo mundo não respeita o cara lá, que é pai de santo ou que faz a tal da “macumba.” Todo mundo o condena e diz que ele vai direto para o inferno, quando não sabe nem se ele mesmo vai para o céu.
No colégio, então. Tudo é motivo de falta de respeito. A menina nariguda, o garoto virgem é julgado de homossexual. Os populares, que na maioria das vezes não querem nada com a vida, são os fodões. E os que ficam sentados num cantinho estudando… São os nerds, mais conhecidos como otários. Quero ver no fim, quem vai se dar bem ali, porque né…
Raramente, você vê um funkeiro procurando amizade com um rockeiro. Enquanto o rockeiro é designado como filho do capeta, o funkeiro é um favelado. Nessas brigas idiotas, ninguém para e faz uma reflexão: e se for? E se o rockeiro fizer culto ao cara lá de baixo, o que você tem a ver com isso? E se a garota ali colocou um vestido curtinho, foi pro baile e está rebolando o traseiro que Deus lhe deu, me responda… Em que momento aquela cena será da sua conta? Em momento nenhum, lógico. Porém, é óbvio que a maioria adora meter o bedelho onde não é chamado. Deve-se ficar no meio termo da situação. Até porque, eu não me lembro em que trecho as músicas do Coldplay (rock) citam o demo e não me lembro de todos os meus colegas que curtem funk morarem na favela ou saírem assaltando todo mundo por aí.
Na internet, o clássico. Harry Potter ou Crepúsculo? Isso gera uma confusão… Que merda. Geralmente, Harry Potter costuma ser o preferido. O argumento deles sobre Crepúsculo é que a Stephenie Meyer não sofreu tanto na vida quanto a J. K. Rowling. Outros argumentos são: vampiros bonzinhos demais, lobisomens depilados, vampiro-fada, cara gay e virgem só porque esperou muito para a primeira vez. Ou seja, justificativas estúpidas. Nem todo muito que sempre teve a vida mais fácil deve ser crucificado ou comparado. E de resto, fica a questão da imaginação. Qual é a lei na literatura que diz que a imaginação tem um limite? Se alguém fizer um livro afirmando que gigantes possuem um metro de altura, quem vai proibi-lo de publicar? Faltou respeito aí, né. Para terminar, não há problema nenhum em se guardar por muito tempo à procura da pessoa certa. Não mesmo. Porque se fosse assim, nenhum ser humano teria escolhido o celibato, por exemplo.
Com Harry Potter, os que não gostam afirmam que os filmes são ultrapassados. Que já era, que é tempo de amar Crepúsculo e pronto e acabou. Que droga, véi. Se fosse assim, ninguém gostaria das mães, uns anos mais velhas que os filhos. Até mesmo o sotaque britânico dos filmes é motivo de piada! É pra rir ou pra chorar?
Parece que quase todo mundo simplesmente pegou o respeito e disse: “vou enfiar ele no meu orifício anal e fingir que ele não existe.” Só pode.
A questão é que há pessoas que dedicam toda a sua vida para tentar dizer que o melhor é isso ou aquilo. No fim eles morrem infelizes, sabe por quê? Porque quem “acha” muito, acaba se perdendo.
Não há escapatória, pessoal. Ou a maioria toma vergonha na cara e passa a respeitar o próximo ou pede pra sair. A ditadura no Brasil já terminou faz mais de vinte anos e parece que poucos foram os que saíram dela. Eu sei que quem é brasileiro, não desiste nunca. E não deveria desistir de nada, exceto uma coisa: de tentar manipular a vida das pessoas. Isso cansa.