PARADOXO
Soluça do menino, o clarinete
De Beethoven, as notas, fazendo melodia
Esquece-se do suor do meio dia
Na alma, sol a pino, faz banquete
E passam também ao sol, ignorantes
As almas que transitam em pleno dia
Embora nada saibam de Beethoven
Elas sentem que tem alma na boquilha
E brinda o meio dia semicolcheias
Com dissonantes lindos e apogiaturas
Enquanto os dedos correm e o suor
Andam leves as pobres criaturas
Do menino, a arte tão sublime, que horror
Não enche a barriga, a alma cheia