DIA NACIONAL DO ÍNDIO

Dia 19 de abril é o Dia Nacional do Índio. Antecipando-me à data, gostaria de tecer algumas considerações.

Muitos não concordarão, talvez, com meus pontos de vista, mas a verdade é que nós, os brancos, para cá viemos há quinhentos e alguns anos, roubamos-lhes as terras, deles que aqui viviam felizes há centenas ou milhares de anos, destruímos suas aldeias, exterminamos tribos e nações inteiras e agora instituímos o "Dia Nacional do Índio".

Para quê? Para comemorarmos o genocídio praticado à luz do sol e nos escondidos das matas, quando se caçavam bugres como se caçassem animais ferozes? Para proclamarmos a vitória da mão branca contra o povo cinza?

Imagine que você, caro leitor ou amiga leitora, seja dono ou dona de uma vasta propriedade. Um dia intrusos invadem o que é seu, matam você e seus parentes indefesos e depois "gentilmente" permitem que seus descendentes continuem morando lá nos confins inabitáveis da propriedade que seria inteiramente deles por direito de herança. Revolta-nos só o pensamento. Não é verdade?

Contudo, foi o que nós, os brancos, fizemos aos índios. Eles eram os donos de toda a imensidão de campos e florestas pujantes, ricos de caça e de frutos. Viviam felizes no seu "pindorama" sem se preocuparem com plantio e criação, porque a terra lhes dava tudo, e os rios eram fartos em peixes.

Estima-se que, na época do Descobrimento, havia cerca de seis milhões de nativos. Hoje, quantos deles restam? Alguns milhares apenas, confinados em escassas reservas que nós "gentilmente" lhes cedemos. Cedemos! Que ironia!

Depois de tê-los dizimado quase todos, criou-se o Serviço de Proteção ao Índio, que extinto, foi substituído pela Fundação Nacional do Índio — FUNAI, instituições estas que nada fizeram nem fazem a não ser em interesses próprios, dos brancos, no enriquecimento fácil de seus dirigentes e afilhados. Aos índios, coitados, somente se fazem promessas, belos projetos que nunca chegam a sair do papel.

Ultimamente muito se fala, virou até moda, em resgatar a cultura indígena. Pura utopia! Para que isso acontecesse, seria necessário que as tribos se autogovernassem sem a ingerência do poder e das leis dos brancos.

Mas nós, mesmo assim, comemoramos com orgulho o Dia Nacional do Índio, que provavelmente foi sugerido e criado por alguém que fez do índio-objeto o trampolim para escusas manobras políticas ou enriquecimento próprio.

Que o Dia Nacional do Índio sirva para refletirmos um pouco no quanto é preciso ser feito para corrigirmos o grande e monstruoso mal cometido contra os nossos nativos, repensarmos e agirmos concretamente neste sentido, e não apenas pintarmos as carinhas inocentes dos nossos pequenos escolares no dia 19 de abril de cada ano.

Como sugestão, indico a leitura de meu poema “Filhos de Tupã”, aqui nas minhas páginas, pelo qual tenho recebido muitos comentários elogiosos.