No final da busca....

Começo por uma pergunta: quantas vezes nos perdemos em meio à profusão do dia? Muitas vezes acreditamos que a jornada é por si só demorada, por si só longa demais, por si só cruel demais.

Acreditamos que a pessoa amada virá dos céus, como uma estrela num dia de verão ou mesmo num de outono. Acreditamos piamente na falta de crença e deixamos de acreditar que realmente acreditamos.

Criamos um mundo tão pequeno, perdido na sua própria criação. Tão pequeno, tão mesquinho, tão infinitamente particular, que nos esquecemos da dor das estrelas que, sempre e para todo o sempre, brilham no mar celestial.

Desejamos que o mundo parasse ou que o tempo voltasse, ao invés de criarmos oportunidades para não desejar. Deixamos que a vida passe, que ela corra de nós e escape, como uma borboleta no nosso jardim.

Montamos um jogo que não sabemos jogar. Jogamos um jogo que sabemos: perderemos. Reclamamos por prêmios que não são nossos e fazemos pouco caso daqueles que são nossos por direito.

Ponderamos o bem e o mal, mas julgamos os que eram – acreditando que somos a Verdade –. Destruímos um mundo que, erroneamente, chamamos de nosso.

Geramos o que chamamos de Paz, mas que na verdade é um produto da Guerra. Apenas mais um estado transitório, entre um e outro. – como se aquilo que era, seja tão diferente daquilo que é.

Preparamo-nos para uma nova vida. Esperamos pela sorte, pelo grande amor, pela paz no mundo, enfim, apenas esperamos...

Preparamo-nos. Nada mais. Novamente, eu pergunto, agora doutro modo: quantas vezes é o acaso quem domina nossa pequena existência? Tantas outras, quem domina? Nós? Deus? Nada?

Perguntamos em busca de respostas. Respondemos na espera de saciar a busca. Buscamos por medo de parar. Paramos por falta de forças.

Deixamos a vida passar por pura falta de bom-caratismo. Somos todos iguais: medrosos, confusos e em busca de um novo lugar. Em busca de um novo lar, de um novo abraço, de uma nova carícia. Estamos em busca de uma nova vida.

Mas quem disse que toda a busca tem o seu fim? Quem o disse é porque não sabe o que é amar. – não alguém ou algo, apenas amar. Amar o próprio sentimento de amor. Quem disse que toda busca tem fim, na certa não amou antes. Não viveu para amar o próprio ato de amor.

[...]

Criamos situações que não entendemos. Vamos em frente, sem saber aonde chegaremos. E quando chegamos, se é que chegaremos, queremos voltar: o futuro nem sempre é como sonhamos. Ele nem sempre é perfeito. Nem sempre é imperfeito. Nem sempre é um futuro.

[...]

Nossas vidas têm o costume de escapar em meio aos vãos da estrada. Algumas acham o caminho de volta. Outras se perdem por entre os perigos do mundo.

Amamos a vida. Mas nos esquecemos de que amar não é o bastante, é preciso vivê-la. Mas o amor é o que deve ser amado: o ato de amar, o sentimento do amor. Deixamos de viver, de arriscar e, até mesmo, de sonhar.

Crescemos, ouvindo do mundo que sonhos são bobagens. Imaginou se todos acreditassem nisso? Não iríamos viver. Pois a vida é o sonho mais duradouro: dura o tempo de uma vida.

Nosso coração bate. Bate no compasso do tempo. Na batida do vento, no calor do fogo. Bate só por bater. Bate por alguém. Bate por algo. Bate tanto, que um dia para.

Nada é eterno. Tudo dura o tempo que tem de durar. Algumas coisas duram mais que outras, mas tudo acaba. Tudo encontra o seu fim. Tudo termina. Nada dura para sempre, pois tudo é chama e tudo queima. Tudo dura um determinado tempo.

São apenas partes. Tudo é passageiro. Vida. Emoção. Sentimento. Todos têm medo. Tememos tanto que achamos que não tememos nada, mas na verdade tememos mais do que o próprio medo de não temer mais.

Vamos em frente. Tentamos seguir: chegar a algum lugar. Não sabemos aonde chegaremos, mas vamos chegar [...]

Então, como nem toda a busca tem seu fim, quando lá chegarmos, o que faremos?

[...]

"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"

Le Vay
Enviado por Le Vay em 28/01/2011
Reeditado em 29/01/2011
Código do texto: T2758345
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