UMA VEZ MAIS

Uma vez mais

A gente passa praticamente a vida inteira tentando provar para nós mesmo que a felicidade existe. Tentando acreditar que cada perda, cada queda, cada tropeço, de alguma forma moldar-nos-á uma pessoa melhor.

Enquanto a felicidade, eu não acredito nela. Pelo menos, não neste mundo. Eu acredito no agora, com a perspectiva de uma manhã melhor. Acredito no “ser feliz” neste momento, um momento que passa, que muda.

E ao tornar-nos uma pessoa melhor, (e isso cabe a cada um), existem pessoas que transformam todo o sofrimento em uma faca de dois gumes, onde justificam a sua própria infelicidade ao afligir dor de alguma forma a outros. Outras pessoas se tornam heróis de sua própria vida, ao fazerem escolhas melhores, tentando de algum modo, mesmo que minimamente, melhorar o mundo, ajudar alguém. O que sei é que existem milhões de maneiras mutáveis de lidar com a dor. E que a cada segundo, escolhas são feitas e vidas são mudadas.

Então voltamos à felicidade. Esperamos tão loucamente pela felicidade, criamos expectativas sobre nós, sobre nossa vida, sobre os outros e sobre o mundo em que vivemos. Esperamos tanto, que acabamos esquecendo-nos de como aceitar o milagre de cada dia.

Não espero mais pela felicidade, se um dia eu descobri-la, que seja percebendo que dei o melhor, mesmo quando nada recebi em troca. Se um dia, eu estiver destinada a vivê-la, que seja por não ter desistido mesmo sangrando e sem forças para continuar, que seja mesmo tendo renegado o que acredito, mesmo tendo que acreditar quando não valia mais a pena. Que seja fazendo melhores e piores escolhas e lidando com cabeça erguida com as consequências. Que seja dando mais uma chance, mesmo quando me tiraram todas.

Assim, pretendo não passar o resto dos meus dias vivendo à espera de um grande milagre, quero a penas seguir, recebendo com o coração aberto e com gratidão o que vier. E quando eu esquecer como se faz isso, espero que tenha alguém para segurar em minhas mãos e me ajudar a voltar a acreditar.

Hariane Alves

Tx. de Freitas – BA, 28/06/10