Sutil
Sutil feito perfume que se desprende dos arvoredos,
seja este momento mal surgido da escuridão,
sempre virgem como rosal parido na madrugada azul,
nunca o mesmo, mutante pingo de lua perdido no pélago.
Chega na frescura do pingo etéreo da noite quando cai,
mas venha manso e manso, veja o mar juncando conchas na praia.
Liberto como a mais encantada partida que raia
na surpresa do âmbar de uma tarde marujada,
acordando entre as vagas cheiro de vida voltando.
E tua dulcíssima leveza não fira a melodia das nuvens desmanchando, porque quando minhas pálpebras se fecham, abre-se um sonho fértil, d’encantos e luzes na docilidade que minha alma governa.
Traga mansuetude do pingo de sol sobre o sorriso da flor
que dorme sonhando abraçada ao sereno indiscreto.
Traga dulçor à esperança do eterno chegar e partir de quem nunca se ausenta.
Chega breve, mas ouça como canta a esperança chorosa e desatinada, por ver o resto d’orvalho brotado da trânsfuga nuvem.
Como a saudade que tem a melodia celeste das vozes roucas da terra,silencia como noite recolhendo as fímbrias ruivas para dormirem no horizonte virgem d’intolerância.
E cuidado com meu pensamento delicado, sensível ao toque da brisa;especialmente muito cuidado ao beijá-lo, porque a abençoada aurora ao se encher de fragrâncias e cores,
hipnotiza e o carrega além mundo, de divina graça o impregna, que distraído ele vagueia no destino, de vida se nutrindo.
Longe vai!
Santos-SP-05/08/2006