Emocionante
É emocionante. Lágrimas me vem aos olhos. Uma pulsão de sentimentos parecem implodir-me interiormente. Um arrepio intenso percorre meu corpo. Sinto-me acompanhada. Uma emoção muito forte me invade e meu pensamento fixa-se em pessoas que já partiram.
Um sufoco, um nó na garganta, e uma compreensão que eu mesma não compreendo direito paira no meu ser, levando-me a perceber o que acontece.
É uma visita inesperada. Mãos com tato reconhecidos, quentes, grandes e fortes como em vida. É uma presença vinda em meu sonho, mas um sonho real, intenso, profundo e mais lúcido do que eu em meu estado de lucidez, onde estou disperta e não em sono profundo.
Acordo agitada, amedrontada, olhando tudo em volta esperando ver o que senti como sentia quando estava vivo. Acordada sinto ainda a presença forte. Não quero sentir medo, mas sinto. Tanto que me apavoro e oro desesperadamente para que me deixe, por eu me sentir perturbada demais.
Não consigui suportar tão forte sensação, mas captei a mensagem deixada. Sei ao que veio e porque. Após minha compreensão, senti-me acalentada, amparada, amada.
Mas bateu-me uma solidão imensa que se misturava com uma saudade mais imensa ainda. É como se eu tivesse fechado a porta com o segredo lá dentro e alguém abrisse a janela, onde o segredo não aparece, mas faz-me lembrar de que eu tenho um segredo guardado, segredo ao qual eu não tenho o direito de abrir ao mundo novamente, porque na verdade já não me pertence mais, apenas ocupa um espaço inesquecível no meu coração.
É emocionante perceber, sentir a presença de seres não pertencentes a este espaço ao qual ocupamos temporariamente. Mas ao mesmo tempo é uma prova de que a morte não é o fim de nada para quem acredita na reencarnação.
Li e sempre vou ler muito sobre a vida e seus mistérios, sobre o ser humano e um ser supremo, sobre o universo e suas leis, sobre essa vida e outras vidas passadas, porque sei que escolhemos o nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos neste. Não aprender nada significa que a próxima vida será igual a essa, com as mesmas limitações Em cada gesto há uma fagulha, uma centelha do além. Além do que possamos compreender totalmente. Mas em cada além que vivenciamos, que desfrutamos nos aproximamos mais da nossa almejada perfeição.