O Pai-Nosso do Diabo
Pai-Nosso o qual nunca esteve nos céus, e nem em parte alguma, Pai nosso que só existe na mente iludida do ser humano, santificado é o teu nome pela humanidade pela devido a crença em tua existência. O teu reino veio e foi construído por meio de derramamento de milhares de vidas, de centenas de pessoas queimadas vivas, torturadas por instrumentos diabólicos da santa inquisição para todos aqueles que não se dobravam perante as tuas verdades irrefutáveis, e que não se rendiam as ordens do papa e do vaticano. A tua divina vontade foi derramada no coração humano para matar e assassinar a todos aqueles que não concordavam com teus escritos sagrados, excomungados e mortos como hereges: isto foi o que o teu Filho, “o Deus do amor, da misericórdia e do perdão”, instaurou no mundo: intolerância, ódio, fanatismo, preconceitos, irracionalidade, e mortes.
O pão de cada dia nunca tu ó Deus nunca nos destes, pois temos que lutar diariamente por ele, entramos em ônibus para o trabalho e não sabemos se vamos retornar para casa vivos. Tu nunca perdoaste nossas dívidas, pois o teu perdão não apaga o que foi feito, o que foi realizado e praticado. Nunca uma ação, um ato pode se tornar em uma não-ação, em um não-ato, só porque alguém perdoou, absolveu, ou justificou algo ou alguém. O que só existe é a idéia de perdão, mas esta idéia não muda e nem modifica nenhuma ação em si.
E tu nunca nos livraste do mal, desde o principio de Adão e Eva, aquela justa “árvore do Conhecimento do Bem e do Mal” foi colocada por ti justamente para o homem pecar, para se sentir culpado por sua ação, e para que por meio desse remorso o ser humano se tornar-se um escravo de ti, impulsionada a humanidade pelo medo da Morte que só veio a existir graças a ti, pois desde o início Tu poderias ter feito tudo diferente, já que és tão Perfeito em tudo. Tu ó Deus, que jogas as tentações a teu povo, para divertir-se a nossas custas, dando risadas perante nossas dores, angustias e desesperos.
Teu Filho Jesus Cristo, o “Deus-Homem do Amor e do Perdão”, mais falou sobre o fogo eterno do que na bendita redenção, tudo para inserir medo na mente de todos os que o ouviam, para que assim o seguissem e cressem em suas palavras mentirosas. Tu Jesus que dizias que não se podia julgar e nem condenar ninguém, tu foste o primeiro a julgar e a condenar a todos os que não te seguiam e que não tinham fé em ti. Que digam os fariseus a quem tu chamaste de "raça de víboras... vosso pai é o diabo... não escapareis da condenação que vos está reservada, etc". Logo tu ó Cristo, que deveria ser o primeiro a dar o exemplo a não julgar e nem condenar ninguém, tu foste o primeiro a se contradizer sobre teus ensinamentos (nesse caso até Buda, Sócrates e Gandhi foram melhores do que ti); puxaste muito bem a essência divina de teu Pai Jeová: um Deus tirano que salve a quem quer, e que condena a quem quer, pois a decisão só cabe a Ele, e a mais ninguém, e quando Ele decide salvar uma alma, Ele salva, mesmo que seja um assassino de crianças. Mas se Ele revolver inserir incredulidade no coração de alguém, acreditem meus amigos, por mais que essa pessoa queira acreditar em Deus, ela jamais irá crer, pois o próprio apóstolo Paulo afirmou que "a fé não surge do próprio homem, a fé é um dom de Deus". Por tanto, é Deus quem decide fazer com quem alguém creia nele e em seus escritos, e também é Ele quem predestina outros a nunca crerem, a nunca serem salvos, a serem condenados ao fogo eterno criado pelo magnífico e Bondoso e Misericordioso Deus do Amor que se chama Jeová ou Javé, não importa o nome. Mas as intenções de Deus sempre foram boas, e é verdade de que boas intenções o inferno está cheio não é mesmo? Logo eu digo que Deus deveria ser o primeiro a ser jogado em sua penitenciária inescapável a qual Ele mesmo criou, embora sua intenção tenha sido sempre de salvar toda a humanidade, não é mesmo? Mas Ele pode salvar, Deus tem todo o poder para salvar a quem quiser, e não me venham com este ridículo dogma do livre-arbítrio, pois tal dogma apenas foi construído pelo homem para inocentar a Deus de tudo, e a responsabilizar a humanidade e o diabo pelas desgraças e sofrimentos que há neste mundo. E se Ele não salva alguém ou é porque não o quer(então neste caso Ele está longe de ser o Deus de Amor retratado na Bíblia), ou Ele quer salvar a humanidade, porém não o pode fazer(logo nesse caso Ele não é Onipotente); ou como eu sempre pensei, é porque na realidade Ele jamais existiu.
O teu reino Deus nunca foi teu, o teu reino, a tua glória, pertencem a uma corja corrupta, mendaz, e gananciosa, controlado por uns poucos que tem o Poder. Lembrem-se do período medieval, onde a igreja tinha mais autoridade do que o próprio Estado, do que o próprio Rei, e assim eles tinham poder para fazer o que bem entendesse. E assim o fizeram. Será que devemos nos esquecer de todas essas barbáries, chacinas, torturas, crimes, roubos, assassinatos, estupros, cometidos por aqueles a quem o grandíssimo Jesus Cristo concedeu o direito de fundar e propagar a sua santa igreja, derramadora de sangue de milhões de vidas? E a guerra santa, como pode uma guerra ser considerada como santa?
É incrível como o ser humano ao matar, ao se auto-Sacrificar em nome de um Deus, ele faz isso com o maior prazer, com o maior êxtase, com o maior sadismo e irracionalidade possíveis.
Deus é o refúgio de todos os criminosos, doentes, fracos, embrutecidos, cegos, ignóbeis, que buscam uma luz que possa curá-los, salvá-los, que possa perdoá-los, que possam dar-lhes uma felicidade que eles não têm capacidade de conquistar com suas próprias mãos. O Pai-Nosso dessa humanidade que se sente órfão e abandonada em um universo cogitado como infinito nunca existiu. O Pai-Nosso é a carência do ser humano em busca de uma filiação que possua explicações e respostas sobre quem nós somos, o que fazemos aqui, o que é o mundo e o universo, e para onde vamos após a morte.
Sim, deixai o Pai-Nosso para os fantoches das certezas divinas, das escrituras sagradas, das miragens construídas com tanto vigor pelas religiões.
Como já disse Karl Max: "As religiões, e Deus, são o ópio das massas".
Deixai-os com seus narcóticos transcendentais, sobrenaturais, místicos e divinos.
O homem não foi o grande erro de Deus (entre centenas de outros que não sabemos que Ele cometeu); ter criado Deus foi o grande erro humano.
E quando verdadeiramente haveremos de superar todas essas coisas?
O nosso Pai-Nosso é um verdadeiro demônio.
Gilliard Alves Rodrigues