LEMBRANÇAS
LEMBRANÇAS
Lembranças . Ah! Como conforta e incomoda! São como fardos e troféus. É um ter e ser. Pode-se TER orgulho em guardar ou SER um peso a carregar.
Na verdade, o segredo está em saber manter o equilíbrio dessa balança. Tendo a consciência de que não se é perfeito. Apenas sujeitos, sujeito a aventuras e desventuras e o que determina se haverá conquista ou derrota é o modo de se portar diante dessas circunstâncias.
Troféus, tem de todos os tamanhos e pesos, depende da sensação que a lembrança nos causa. (orgulho, alegria, satisfação, sensação de dever cumprido...)
Agora fardo só tem um, o remorso, ou seja, a dura carga do sentimento de culpa. O injusto é a facilidade em adquiri-lo. Numa palavra ou num ato impensado lá vai mais um peso para o prato dessa balança.
A infância e adolescência são períodos de mais troféus na prateleira da memória. Ainda que tenha sido um período difícil, há sempre fatos engraçados e marcantes pra se lembrar. Sendo o tempo em que se adquiri mais historias pra se contar.
Na inconseqüência da juventude está o período das escolhas, onde se tem um bom número de troféus e fardos a se armazenar no banco da memória. Porque normalmente são escolhas pra vida toda.
Período de mais fardo na consciência é quando se é pai, por nunca se está satisfeito com a maneira de se criar os filhos. E quando se perde os pais porque nunca lhes é suficientemente grato. Não reconhecendo o valor que eles representam, enquanto estão vivos.
Não há como fugir, por ser a vida um percurso onde:
• Nascer um ato. (Não sei se de sorte ou azar)
• Crescer um privilegio. (Por não ser prerrogativa de todos que nascem)
• Envelhecer uma arte.
• Morrer uma conseqüência. (Afinal, todo ato tem conseqüências)
E onde está a arte em envelhecer?
Na sabedoria em conseguir faxinar a memória, lustrando os troféus e se desfazendo dos fardos.
Formosa-29/04/08