Estar com Jesus não significa obediência a Deus

Estar com Jesus não significa obediência a Deus

por E.AR

Como está sua vida com Jesus? Você está com Ele? Você está aprendendo Dele? Você está fazendo coisas magníficas por causa do nome de Jesus?

Devemos refletir sobre como estamos caminhando com Cristo. A Palavra de Deus nos diz que devemos nos achegar a Deus, andar com o Senhor, ouvir a Sua voz, guardar os Seus mandamentos, servi-Lo e temê-Lo (Deuteronômio 13:4). Quais desse critérios estamos seguindo? Todos? A metade? Nenhum?

Jesus, o Deus, o verbo vivo que se fez carne, aquele onde estava a vida (João 1: 1-4) é quem devemos seguir, guardar os mandamentos e servir. Mas como podemos seguir a Cristo? Simples, basta você “negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguí-Lo” (Marcos 8:34). Como fazer tudo isso? Aceite a Cristo como o seu único salvador (Romanos 10:13). Ame a Jesus de tal forma que se necessário for morrer pelo nome Dele, assim você fará (Lucas 9: 24). Aceite a vontade de Deus na sua vida, assim como Jesus aceitou a crucificação (Mateus 26:39). Depois de fazer isso, siga os ensinamentos de Cristo, pois essa é a forma de você provar que, de fato, ama-O (João 14:21). Portanto, aceite! Morra! Aceite! Siga! Esses são os critérios iniciais para seguir a Cristo.

Apesar disso, estar com Jesus e fazer milagres no nome Dele, pregar o evangelho, expulsar demônios não significa que a pessoa está NOS PROPÓSITOS de Cristo, ou seja, não significa que o indivíduo faz a vontade de Deus (Mateus 7: 21-23). Para essas pessoas que dizem estar com Deus, mas não gera bons frutos, o próprio Cristo disse que irá dizer “abertamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais à iniquidade” (Mateus 7: 23). Como assim? Então, nem todo mundo que se diz servo de Cristo é, de fato, servo de Cristo? Nem todo mundo que frequenta uma igreja é salvo? Nem todo mundo que conhece a Bíblia e prega sermões é de Deus? Nem todo mundo que cura enfermidades em nome de Jesus é um escolhido de Deus? A resposta para todas as perguntas: sim.

Mas como pode alguém ouvir Jesus, estar com Jesus, ver as obras de Deus, pregar o evangelho e, ainda, não estar de acordo com a vontade de Deus? Respondo-lhe com um exemplo bíblico.

O Evangelho segundo Marcos 3: 13-19 nos mostra quando Jesus escolheu os seus discípulos e concedeu a eles algumas funções. Cristo subiu ao monte e “chamou para si os que ele quis” nomeando doze indivíduos para ESTAR COM ELE, PREGAR, CURAR E EXPULSAR DEMÔNIOS. Dentre os doze homens (Pedro, Tiago, João, André, Felipe, Bartolomeu, Tiago (filho de Alfeu), Mateus, Tomé, Simão, Judas (irmão de Tiago) e Judas Iscariotes), um se chamava Judas Iscariotes. Como todos sabem, este traiu o Verbo que se fez carne.

Desse modo, como Judas fazia parte daqueles que Jesus “chamou para si”, podemos concluir que ele recebeu de Jesus tudo aquilo que os demais discípulos receberam, isto é, o privilégio de estar com Cristo, de pregar, o poder de curar os enfermos e expulsar os demônios. E a prova disso está no Evangelho segundo Mateus 10:5-7 que diz “Jesus enviou os DOZE com as seguintes instruções: ‘Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam-se às ovelhas perdidas de Israel. Por onde forem, preguem esta mensagem: O Reino dos céus está próximo.’” Portanto, Jesus enviou os Doze, inclusive Judas.

Judas era um discípulo.

Judas Iscariotes aceitou o convite de Jesus, Judas deixou tudo o que tinha para seguir a Cristo, Judas pregou, Judas viu os milagres de Jesus, Judas estava em comunhão com aqueles a quem Cristo chamou de amigos (João 15:14), Judas trabalhou na obra (João 13:29), Judas ficou na presença de Jesus por três anos. Mesmo assim, Judas Iscariotes, com um beijo, traiu o Filho do Homem (Lucas 22:48).

Jesus sempre soube que no meio Dele havia um que o trairia (João 6:70). Então, talvez surja uma pergunta, por que Jesus permitiu que Judas fosse um discípulo? Resposta: para que se cumprisse as Escrituras (João 13:18; Salmos 41:9).

Jesus até se referiu a Judas como um diabo (João 6:70) e analisando as Escrituras podemos ver Judas, mesmo na presença de Cristo, agindo de modo inapropriado quando indignou-se ao ver Maria (irmã de Lázaro) lavando os pés do Mestre com um perfume caro (João 12: 1-5). Nota-se que Judas mostrou a qual senhor servia e, nesse caso, esse senhor era o dinheiro. A Palavra de Deus é muito clara quanto a isso: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro" (Mateus 6:24).

O fato de Jesus se referir a Judas como um diabo, revela-nos muita coisa. Uma delas é que a voz de Judas não ficou gutural, ele não rolou no chão, não precisou de ninguém vir até ele e dizer “Tá amarrado!”. Iscariotes simplesmente permaneceu com os demais discípulos e continuou junto a Cristo.

Inclusive, na noite da ceia, Jesus lavou os pés de TODOS os discípulos, inclusive o de Judas. E digo mais, a Palavra nos diz que antes disso o diabo já estava em Judas (João 13:2), mas mesmo assim Jesus não fez distinção e o tratou como discípulo. Isso nos mostra que as coisas de Deus têm tempo certo para ser revelada, ou seja, Jesus sabia da situação de Judas, mas os demais discípulos não, contudo, naquele momento, Cristo preferiu não revelar quem O trairia, não era o momento certo. Podemos concluir que Jesus sabe das nossas situações, dos nossos problemas, das nossas orações, todavia, há tempo certo para todas as coisas (Eclesiastes 3:1).

Pois bem, após lavar os pés dos discípulos e dar algumas orientações àqueles homens, Jesus “turbou-se em espírito e afirmou, dizendo: Na verdade! Na verdade vos digo que um de vós há de trais” (João 13:21).

Após todos os discípulos ficarem se perguntando quem seria o traidor, Jesus revela que quem o trairia seria aquele a quem Ele “der o bocado molhado. E molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão” (João 13:26). E Palavra nos revela que após Judas receber esse bocado “entrou nele Satanás” (João 13:27).

Mas Judas não já não estava possuído por um demônio? Pois é, demônio é um filho da perdição, já o diabo é o príncipe dos demônios (Mateus 12:24-27). Portanto, Satanás entrou em Judas.

Satanás entra em quem está ocupado por demônios.

Por fim, um indivíduo afirmar estar com Jesus não significa que ele obedece a Deus; pregar o evangelho não é sinônimo de discípulo; expulsar demônios não significa que Jesus o aceitará e se lembrará dele. Judas provou os dons celestiais, uma vez que era discípulo, provou da Palavra de Deus, ouviu a Cristo, mas mesmo assim, recaiu, isto é, caiu novamente. Como assim, caiu? Antes de conhecermos a Jesus somos escravos do pecado (1 João 3:8), a crucificação de Cristo nos livra do pecado (1 Pedro 2:24), mas se tornamos a errar teria sido muito melhor que nós nunca tivéssemos conhecido o caminho certo do que, depois de o conhecer, voltarmos atrás e nos afastarmos do mandamento sagrado que recebemos” (2 Pedro 2:21).

Judas traiu Jesus, mesmo estando com Cristo, mesmo vivendo o cumprimento da Palavra de Deus, mesmo sendo considerado discípulo, mesmo pregando o evangelho. Portanto, estar com Jesus não significa obediência a Deus. Mas a obediência a Deus revela a presença de Cristo.

"Aquele que tem os meus mandamentos e obedece a eles, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e Eu também o amarei e me revelarei a ele.” Então, perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes) : 'Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo?' Jesus respondeu-lhe: 'Se alguém me ama, obedecerá à minha Palavra; e meu Pai o amará, e nós viremos até ele e faremos nele nosso lar. Quem não me ama não obedece às minhas palavras; e a Palavra que vós estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou. O dom da paz de Cristo" (João 14: 21-24).

Portanto, se somos seguidores de Cristo, se fomos chamados por Ele, o que nos torna diferentes de Judas Iscariotes?