Respirar e não dar por isso!
O peito num movimento que não se vê.
O ouvido no outro peito.
Um som que nos enche o corpo todo.
Uma sensação de prazer difícil de controlar.
Respirar o respirar do outro.
Sentir a ternura num bater que nos alimenta.
De súbito um acelerar a dois.
A vida a fazer sentido.
Tantas luas a espreitarem na noite.
Tantos véus.
Tantas sombras.
As janelas abertas de par em par.
Um silêncio que treme.
Há coisas que se rasgam.
Fracturas que se recompõem.
Um músculo que se torna doce.
O mel, uma abelha e uma flor.
A respiração do pólen.
A alergia que não chega.
As flores numa entrega que excita e alegra o ser.
Assim nos respiramos!
EA-2018/144 Jorge C Ferreira