EXPERIÊNCIAS DA VIDA...MINHAS MEMÓRIAS...

SOFIA (O maior dos meus sonhos).......

Quando nos deparamos com um drama como o que passei, temos vários caminhos a seguir, se entregar a dor e ficar lamentando, correndo o risco de cair numa depressão e ficar mais doente ainda, ou tentar de alguma forma seguir em frente, lutar e tentar amenizar essa dor que não passa. A forma que encontrei de botar para fora toda essa dor é escrever sobre o assunto, não sei o que farei com este texto, se vou editar, se vou colocar na internet, ainda não decidi, só espero que de alguma forma possa ajudar outras mulheres, alertando-as do perigo pelo qual passei, evitando desta forma, que o pior aconteça. Vou com a minha sensibilidade, com meu coração e com as minhas lembranças, relatar tudo, pois passei pelas maiores experiências da minha vida, mas que graças a Deus estou aqui para poder contá-las.

HOMENAGENS

SOFIA

“Minha querida, filha!
Me assustei com sua chegada
Mas já te desejei desde o início
Era mágico sentir você no meu ventre
Sentir você crescendo aqui dentro
Sentir você mexendo
Às vezes eu não acreditava
Me sentia agraciada
Parecia um sonho
Sonho de menina
Sonho de mulher
Fiz muitos planos
Sonhei vários sonhos
Desejei muitos desejos
Desejei ter mais desejos
Você era meu grande desejo!
Era radiante
Imaginar você nascendo
Imaginar você crescendo
Crescendo feliz
Nossa linda menina
Que já era muito amada
Que já era muito desejada
Mas a vida é frágil demais!
E como um sopro
O sonho se foi
Os desejos se foram
O seu rostinho,
Ficará na minha memória
Aquele semblante sereno
Narizinho pequeno
Você era linda!
Perfeita!
Um verdadeiro anjo
Que hoje habita os céus
A nossa SOFIA
A nossa princesa
Que hoje olha por nós
Nos braços do PAI.”
 
(Minha pequena homenagem a minha filha SOFIA, meu pequeno anjo – 25/08/2017)
 
"Eu sinto que, cedo ou tarde irei onde esse anjinho está e vou tirar essa saudade que bate forte. Ela teria sido aqui, para mim, o maior dos meus sonhos, mas tenho uma certeza, ela está dentro do meu coração".
(Declaração do pai da Sofia - Guilherme, 18/08/2017)
 
AS EXPERIÊNCIAS DA VIDA

 
GRAVIDEZ TARDIA - Sempre sonhei em ser mãe! E de certa forma, sempre fui! Eu como filha mais velha, e com uma certa diferença de idade dos meus irmãos menores (5, 7 e 15 anos), sempre cuidei deles de uma forma maternal, principalmente, a Jaqueline, pois já era uma adolescente quando ela chegou na minha vida aos 3 meses de idade.
Trabalhei por 5 (cinco) anos na secretaria de uma creche (crianças de 4 meses a 4 anos), e ali me apeguei a diversas crianças, para mim não era um trabalho árduo, muito pelo contrário, eu era muito feliz!. Foram diversas histórias que vivemos com cada criança. Lembro-me de algumas com tanto carinho, guardo diversas fotos. Vendo cada rostinho lindo, e percebendo a inocência das crianças, pois elas eram puras, nos davam amor, sem pedir nada em troca...tudo aquilo foi aflorando mais o meu desejo de ser mãe. Amei profundamente algumas delas! Lembro-me do amor que tinha por um garotinho que entrou bebê na creche (Gabriel Calderon) e saiu somente aos 4 (quatro) anos. Eu sofri muito com a sua saída da creche. Cheguei a chorar pela ausência dele no dia-a-dia. Hoje ele já deve ter quase 20 (vinte) anos.
A partir de 2004, 2006 e 2008, ano em que nasceram as minhas sobrinhas (Isabelly, Ana Beatriz e Maria Clara), este desejo aflorou mais ainda. Com elas pude viver várias fases de uma criança, cuidava e ainda cuido de cada uma delas como se fossem minhas filhas, amei-as desde o primeiro olhar, e também sei que sou amada por elas. Sei que não são minhas filhas, mas as considero parte de mim! Tenho um amor incondicional por essas meninas!
Minha vida sempre foi muito sofrida! Não passamos fome, mas fomos criados com muitas dificuldades. E objetivando mudar o histórico familiar de subemprego, dificuldades financeiras, frustrações e até mesmo humilhações, só pensava em uma coisa na minha vida, estudar, estudar e estudar. E assim o fiz! Formei-me em Técnico em Contabilidade e já comecei a trabalhar na área. Em seguida comecei a minha faculdade de Ciências Contábeis, passei em um concurso público (Prefeitura Municipal de Santos - Oficial de Administração - 1996 a 2004). No ano 2000 formei-me em Bacharel em Ciências Contábeis e só tinha um objetivo, continuar estudando e conseguir uma colocação na área, seja em uma empresa privada ou um concurso público. Mesmo depois de formada, eu estudava com um grupo de amigos, que também tinham os mesmos objetivos. Passei a prestar todos os concursos na minha área e em 2002 passei em 2o. lugar para contador na Prefeitura Municipal de Peruíbe e em 2003 em 5o. lugar para contador na Prefeitura Municipal do Guarujá. Em fevereiro de 2004 fui nomeada no cargo de contador em Peruíbe, onde permaneço até hoje. De 2010 a 2012 estive como Diretora do Departamento de Contabilidade e Finanças e, atualmente desde 01/01/2017 estou como Secretaria Municipal da Fazenda. A Prefeitura do Guarujá também em convocou no mesmo ano, mas desisti. Fiz Pós-Graduação, diversos cursos de capacitação e aperfeiçoamento profissional, etc..
Com tudo que relatei anteriormente, vocês podem perceber, que minha vida amorosa sempre esteve em segundo plano, consequentemente, o sonho de ser mãe também, eu realmente não tinha tempo de pensar nisso, e os anos foram passando. E para a mulher, o tempo é implacável quando o assunto é maternidade. Outro motivo também muito forte para a minha gravidez tardia foram às decepções e desencontros amorosos que tive na minha vida (não pretendo relatá-los aqui).
Em 2016 eu e o Guilherme iniciamos um relacionamento meio sem querer, um relacionamento maduro, um homem sofrido pela vida, mas um homem leve, amável, educado e, principalmente, carinhoso comigo e muito companheiro. Fomos levando sem muitas cobranças de ambas as partes, e isso foi nos fazendo bem, e os meses foram se passando, o carinho aumentando, e a cada dia percebia o quanto fazíamos bem um para o outro. Curtimos muito o verão de 2016/2017, fomos várias vezes a praia, passeamos bastante, passamos diversos finais de semana juntos nos curtindo, seja na minha casa ou na casa dele. Eu tinha prazer em preparar o nosso almoço (pois ele não cozinha nada). E foi em um momento desses de tranquilidade e muito carinho, que minha pequena SOFIA foi concebida, possivelmente, no final de fevereiro ou início de março de 2017.
No final de março estranhei o atraso na minha menstruação, e logo em seguida vieram os primeiros enjoos, e os seios inchados, inicialmente me assustei muito, não queria acreditar, não queria criar expectativas, os dias foram se passando, chegou abril e nada de menstruação e os enjoos aumentando. No dia 06/04/2017 minha pressão caiu muito e fui levada por uma amiga a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Fui encaminhada para fazer um exame de sangue e em menos de 20 minutos saiu o resultado (positivo). Fiquei MUITO feliz! Mas também muito assustada! Afinal eu já tinha 44 anos. Muitas dúvidas, muitos medos, medo de nascer com problemas, devido a minha idade. Mas desde o primeiro instante já aceitei de coração esta criança, me sentia agraciada a esta altura da vida, pois já não tinha mais qualquer esperança de gerar uma criança, não que esse fosse o meu grande objetivo de vida, mas era um sonho antigo que estava sendo realizado ali, mesmo que tardiamente, portanto, me sentia a mulher mais feliz do mundo!
Segurei este segredo do Guilherme por 9(nove) dias, período em que ele estava viajando para o Pantanal para pescar, não quis de forma alguma atrapalhar esta tão esperada viagem de descanso, depois de dois anos de muito trabalho. Só tive coragem de contar no dia 17/04, e confesso, a sua reação no primeiro momento não foi das melhores, ele ficou muito mais assustado do que eu, se achava velho para ser pai (57 anos). Mas foi apenas um susto muito grande, e em poucos dias conversamos novamente, e com seu total apoio começamos a curtir cada momento desta curta gravidez. Fiz todos os exames necessários no pré-natal, fiz 3(três) ultrassonografias, sendo que na última no dia 17/07 descobrimos o sexo do bebê, nossa linda menina, que já estava com o nome escolhido pelas minhas sobrinhas Ana e Clara. Ela se chamaria SOFIA, que significa sabedoria. Foi um dos dias mais lindos das nossas vidas!. Ela até aquele momento estava linda, perfeita, com crescimento acima da média. O Guilherme se emocionou bastante! Principalmente, depois que o médico a mexeu de uma forma que ela deu até um tchau para nós.
Minha gravidez seguia de uma forma normal, enjoos como qualquer mulher, seios volumosos, barriga crescendo, mas sem exageros, não engordei muito (7 kg em 6 meses), não tinha inchaços na perna, controlava bastante a minha alimentação, só não estava conseguindo dormir direito por causa da bexiga, pois levantada várias vezes para ir ao banheiro, no geral a saúde de ambas estavam perfeitas. Minha vida seguia como antes, trabalhava da mesma maneira, só procurei diminuir o ritmo (evitava pegar peso, movimentos bruscos, entre outras coisas).
Minha gravidez era considerada tardia, mas tudo estava conspirando para o melhor, me sentia muito bem, realizada e feliz. Já fazíamos muitos planos, como montar o quarto da SOFIA, comprar o seu enxoval e seus pertences (carrinho de bebê, bebê conforto, etc...) e juntos, eu e o Guilherme já discutíamos sobre a criação da nossa pequena, o que sonhávamos para ela, nossos medos, e confesso, estávamos muito ansiosos com o seu nascimento. O Guilherme não via a hora de deitá-la na cama ao seu lado, pois segundo ele, tinha medo de pegá-la no colo, pois se achava muito bruto para carregar um bebê tão delicado. Eu falava você que pensa, assim que nascer você não vai conseguir tirá-la dos braços. Fui muito paparicada por todos, minha princesa era o centro das atenções e sentia muito carinho da família e dos amigos. Eu e o Guilherme, seus pais babões, que mesmo tido como "velhos", estávamos muito preparados para educar essa criança e amá-la muito!
A SOFIA foi muito amada e desejada!
 
DOR INTENSA – Há alguns dias eu já não vinha conseguindo dormir direito por conta de uma gripe, e durante a noite, o que mais me incomodava era a tosse e nos últimos dois dias (final de julho) a falta de ar.
No dia 01/08/17 passei o dia meio ofegante, mas no período da noite fui a um evento na cidade onde moro (Peruíbe), o evento era em um local fechado, o que me incomodou muito, e a sensação de claustrofobia apareceu, tanto que só fiquei 40 minutos no local. Ao sair, liguei para o Guilherme e nos encaminhamos para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Peruíbe, chegando ao local fui atendida por um médico que aferiu minha pressão e estava 15x9 (alta para uma gestante). Ele passou uma inalação, solicitou exames de sangue e disse que eu procurasse o meu médico por conta da pressão. Os resultados dos exames de sangue já estavam preocupantes (baixa de plaquetas e um pouco de anemia), mas ainda nada muito preocupante.
No dia 02/08 não senti nada de diferente, nem a falta de ar apareceu, portanto, trabalhei o dia todo. Na parte da tarde, liguei para o meu médico em Santos, relatei o ocorrido e ele solicitou minha presença na manhã seguinte, mas solicitou que eu aferisse a pressão ainda naquele dia. No final do dia, retornando para a minha casa passei em uma farmácia e solicitei que a farmacêutica assim o fizesse. Apesar de não estar sentindo absolutamente nada, a minha pressão estava 17x11, imediatamente ela solicitou que procurasse um socorro médico. Encaminhamo-nos novamente a UPA, fui atendida por um Ginecologista, fiquei em observação das 18hs às 23hs, mas não fui medicada, minha pressão continuava alta, o médico achou melhor que eu fosse para um hospital e fomos ao Hospital Regional de Itanhaém, onde também fiquei em observação, me serviram uma sopa e fui atendida por um Ginecologista de plantão, naquele momento, minha pressão estava 13x8, portanto, fui liberada quase às 2hs da madrugada, mas com a promessa de no dia seguinte procurar o meu médico.
No dia 03/08 logo cedo fui ao meu médico, a pressão estava 14x9, ele percebeu o quanto estava ofegante e gripada, passou alguns remédios e me pediu repouso até segunda-feira. Decidi então ir para a casa dos meus pais em Cubatão e descansar.
No dia 04/08 o dia estava chuvoso e, infelizmente, a minha falta de ar aumentou muito, resolvi novamente procurar um pronto atendimento, só que agora em Cubatão (Unimed), relatei ao médico o que havia ocorrido e ele prescreveu uma inalação, isso foi por volta das 15 ou 16hs. Retornei para a casa da minha mãe e nada da falta de ar passar, muito pelo contrário, passei a sentir o peito meio sufocado, comecei a ficar agoniada e para minha surpresa, meu estômago começou a doer. Tomei uma sopa quente e deitei para tentar relaxar, não consegui segurar a sopa no estômago e a dor piorou e muito. Minha irmã Jaqueline aferiu minha pressão e estava 17x11, imediatamente, liguei para minha irmã Débora e solicitei que me levasse a Santos no pronto atendimento da Unimed, pois estava com muita dor de estômago, dor que só aumentava (isso já era quase 23hs). Em poucos minutos minha irmã e meu cunhado chegaram e fomos a Santos, cheguei a chorar de tanta dor, uma dor MUITO INTENSA, algo que eu nunca senti antes. Àquela altura, além da dor no estômago, minha cabeça começou a doer, sentia um enjoo muito forte e fraqueza, sentia que a qualquer momento eu ia desmaiar de tanta dor. Graças a Deus chegamos ao Pronto Atendimento da Unimed e fui atendida e medicada muito rápido (injeção na veia de buscopan composto e dramin) e em poucos minutos a dor intensa desapareceu. Por estar grávida, a médica me encaminhou em seguida para uma Maternidade, objetivando dar continuidade no atendimento, e assim nos encaminhamos para o Hospital e Maternidade Casa de Saúde de Santos. Chegando ao local fui para a emergência da maternidade, aferiram a pressão e estava 14x9, auscultaram o coração do bebê, e foi solicitado exames laboratoriais, o que somente ficariam prontos em 4(quatro) ou 5(cinco) horas. Pelo adiantado da hora (quase 1 hora da madrugada), resolvemos retornar cedo, até porque, já não sentia mais dores, apenas sonolência por causa do dramin.

Eu mal sabia que começava ali, o momento mais delicado da minha vida...

A INTERNAÇÃO – No dia 05/08 (sábado) amanheci bem, apesar de ter dormido muito pouco, mas não sentia nada de diferente, tanto que resolvi ir dirigindo ao hospital, juntamente com a minha mãe, pois minha irmã estava trabalhando e eu queria o quanto antes pegar os resultados dos exames e na minha cabeça, retornar no mesmo dia para minha casa. Chegando ao hospital, encaminhei-me ao laboratório e peguei os exames e em seguida fui para o atendimento com um ginecologista de plantão. Fui atendida pelo Dr. Diego (médico que fez toda a diferença e que salvou a minha vida). Ao analisar meus exames, aferir minha pressão e constatar que continuava muito alta, ele de pronto me comunicou que eu seria internada para novos exames e acompanhamento médico. Ele desde o primeiro momento percebeu que meu caso era preocupante e foi muito direto comigo!.
Eu, ser humano que sou, e, consequentemente, passível de erros, o julguei incapaz, simplesmente, por achá-lo novo demais (ele aparenta uns 30 anos). Mas reconheço o quanto estava errada e, venho humildemente agradecer o Dr. Diego por ser um profissional tão competente e salvar a minha vida. E de alguma forma, pedir desculpas pelo meu “pré- conceito”.
Fui hospitalizada, fiz novos exames de sangue e urina, comecei a ser medicada com remédios para a pressão, pois ela insistia em não baixar. Eu achava que sairia no dia seguinte, mas a pressão só aumentava, chegando ao domingo a noite (06/08) a um pico de 18x11.
Comecei a achar que alguma coisa estava errada, afinal eram muitos exames de sangue, além de aferirem minha pressão de duas em duas horas, então comecei a ficar muito preocupada. O que me acalmava era a cada 4(quatro) horas que uma enfermeira entrava no quarto e auscultava o coração da minha bebê. Isso era um alento para mim!
No dia 07/08 (segunda) passei o dia um pouco sonolenta, eu achava que era por causa dos medicamentos da pressão, me colocaram no soro e continuaram a fazer novos exames de sangue, a pressão insistia em permanecer alta. Minhas irmãs e até o médico disseram que eu estava amarela, pálida, com cara de doente. Neste dia o Guilherme passou o dia comigo, retornando para Peruíbe as 22hs, horário em que a Jaqueline chegou para passar a noite comigo.
Eu me sentia muito cansada e tentava de todas as formas conseguir dormir, mas a freqüência com que as Técnicas de Enfermagem entravam no quarto para aferirem a minha pressão e me medicar, me deixava irritada e mais apreensiva, conseqüentemente, ajudava a pressão continuar alta, chegando a 1h40 da madrugada a 19x11.
Madrugada do dia 08/08 (2hs) entra no quarto o Dr. Diego e duas enfermeiras, deu um sorriso e perguntou se eu se lembrava dele, eu disse que sim! Naquele momento, fiquei muito nervosa, mas tentando não demonstrar o meu nervosismo. Ele de uma forma suave e muito carinhosa, disse que meus exames de sangue estavam preocupantes, que minhas plaquetas estavam baixando muito rápido, que meu TGO, TGP e Creatinina estavam muito altos (fígado e rins), que eu estava muito pálida, e que minha pressão estava oscilando muito, com picos preocupantes. Desta forma, a única maneira era entrar com sulfato de magnésio, que seria ministrado através de uma bomba, com monitoramento a cada hora da pressão, e que para isso eu seria transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Disse que se não fizesse isso, eu poderia ter uma convulsão a qualquer momento e até entrar em coma. Meu mundo caiu! Eu estava ali, fraca, indefesa, senti um medo enorme, pois até aquele momento eu nunca havia sido internada na vida, e agora, além de ter sido internada, estava sendo transferida para a UTI, e minha vida em risco. Perguntei do que eles desconfiavam que eu pudesse ter, ele me disse que os sintomas eram de Síndrome de Hellp, uma complicação muito grave da Pré-eclâmpsia.
Mais uma vez, a decisão acertada do Dr. Diego em me transferir para a UTI fez toda a diferença.

Ali, naquele lugar, iniciaria uma das maiores experiências da minha vida....

SÍNDROME DE HELLP – A Síndrome de Hellp é uma complicação obstétrica grave, pouco conhecida e de difícil diagnóstico, que pode causar a morte da mãe e também do bebê. É chamada de Síndrome porque envolve um conjunto de sinais e sintomas, e hellp, em razão da abreviação dos termos em inglês que querem dizer: H: Hemólise (fragmentação das células do sangue): EL: Elevação das enzimas hepáticas, e LP: Baixa contagem de plaquetas. É importante lembrar que as plaquetas são células que auxiliam na coagulação sanguínea, e por isso um dos sintomas dessa síndrome é a hemorragia.
Embora ocorra isoladamente, a Síndrome de Hellp geralmente aparece sendo uma complicação da pré-eclâmpsia, que é a hipertensão gerada pela gravidez, e é a principal causa de morte materna no Brasil. Especialistas calculam que cerca de 8% das mulheres que sofrem de pré-eclâmpsia, desenvolvem a Síndrome de Hellp. Quando uma gestante com pré-eclâmpsia apresenta alterações laboratoriais e exames clínicos compatíveis com hemólise, alteração das enzimas e queda da contagem das plaquetas, ela está com Síndrome de Hellp.
Os sinais e sintomas da Síndrome de Hellp podem ser facilmente confundidos com os da pré-eclampsia grave, que são dor na parte alta ou central do abdome, cefaleia, náuseas, vômitos e mal-estar generalizado. Enquanto não é feita uma correta avaliação laboratorial, esses sintomas podem passar despercebidos, sendo feito o diagnóstico apenas quando a Síndrome de Hellp se agrava, provocando edema agudo dos pulmões, insuficiência renal, falência cardíaca, hemorragias e ruptura do fígado, podendo ocasionar a morte materna.
Mulheres que sofrem de doenças crônicas do coração e rim, e pacientes com lúpus e diabetes tem mais predisposição para desenvolver a síndrome. Infelizmente não existem meios de evitá-la, sendo que somente as mulheres que já desenvolveram essa síndrome, ao engravidarem novamente, poderão se prevenir para diminuir o risco.
O único tratamento capaz de frear os efeitos da Síndrome de Hellp é o término da gestação, que pode ser feito através de uma cesariana ou indução do parto. Caso a gestante apresente um quadro estável, o médico pode optar por ministrar medicamentos para induzir o amadurecimento pulmonar fetal, reduzindo as complicações neonatais e o tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Como já dito, não há prevenção para essa doença, mas o diagnóstico precoce aumentam as chances de que mãe e bebê sobrevivam.
A gestante que apresentar sinais e sintomas da Síndrome de Hellp deve consultar imediatamente o obstetra ou ir ao pronto-socorro. Os sintomas da Síndrome de Hellp, normalmente surgem durante a gestação, mas também podem acontecer no pós-parto.
Como tratar a Síndrome Hellp – Para tratar a Síndrome de Hellp é necessário que a grávida fique internada no hospital, para que o obstetra possa avaliar constantemente a evolução da gravidez.
O tratamento depende da idade gestacional da mulher, sendo que é comum que, após as 34 semanas, se provoque o parto precoce, para evitar a morte da mulher e o sofrimento do feto.
Já quando a grávida tem menos de 34 semanas, podem ser feitas injeções de corticoesteroides no músculo, como a betametasona, para desenvolver os pulmões do bebê para que se possa adiantar o parto. Porém, quando a grávida tem menos de 24 semanas de gestação, este tipo de tratamento pode não ser eficaz, sendo necessário fazer a interrupção da gravidez.

Minha pequena SOFIA tinha 23 semanas e 4 dias...

A EXPERIÊNCIA DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI) – Aprendi ao longo da vida a me desapegar de muita coisa, sobretudo, bem material. Valores pautados na ganância, na inveja, no ter e não no ser, certamente não fazem parte do meu mundo, da minha essência. Prego o amor, a amizade, a paz. Valorizo muito a minha família e meus amigos, que graças a Deus não são poucos, e estes, estiveram ao meu lado nos bons e nos maus momentos, como este por exemplo.
E quando me vi deitada numa cama de UTI, cercada de aparelhos me monitorando, impedida de levantar, me sentindo um objeto, vendo a movimentação a minha volta e percebendo que meu estado estava piorando, entendi o quanto a vida é frágil e me perguntei: Para que tanta ganância no mundo? Pra que correr tanto atrás de coisas materiais? Tive a certeza que sempre estava certa! Se eu já não era apegada a coisa material, agora muito menos ainda.
No segundo dia de UTI, por volta das 5h40 da manhã, logo após meu banho matinal, duas técnicas em enfermagem iniciaram o banho do paciente ao lado. As duas conversavam sobre um bolão da mega-sena, cujo prêmio era de 44 milhões, uma delas disse: Imagina o que eu faria com 44 milhões?. Eu imediatamente pensei, se eu ganhasse agora essa fortuna, do que me adiantaria? Salvaria minha bebê? Arrancaria esta doença do meu corpo? Lógico que não! É só mais uma certeza que dinheiro não traz felicidade!.
Passei 3(três) dias na UTI e foram praticamente os 3(três) dias sem dormir, pois, era quase impossível naquele lugar. Primeiramente, as luzes não se apagam, a temperatura muito baixa por causa do ar condicionado, e isso me incomodava muito, pois ressecava meu nariz e minha boca, me deixando sem ar e também meus lábios racharam de tanto frio. Mas o que mais me incomodava eram os diversos barulhos dos aparelhos, aparelhos de diversos pacientes. Eu em particular, estava sendo medicada de Sulfato de Magnésio através de uma bomba, essa bomba apitava com qualquer movimento diferente do braço, e isso acontecia várias vezes, no outro braço eu tinha um oxímetro, que também apitava quando escapava do meu dedo.
Com esta bomba 24 horas por dia e também o soro, minha bexiga enchia rapidamente, e pude conhecer a famosa “comadre”, uma bacia de aço inox, muito gelada, mas era o que eu tinha para urinar, pois estava impedida de levantar, era algo muito deprimente, pois a urina escorria pelas partes íntimas e pelas pernas, mas a limpeza não era na mesma proporção, então me sentia suja, suada, mas não tinha o que fazer, dependia de uma técnica de enfermagem para tudo, inclusive para o banho, que acontecia ali mesmo, na cama do hospital, um banho de canequinha, pessoas estranhas te tocando, te limpando, te secando. Eu só pedia a Deus para o mais rápido possível sair daquele lugar, eu não suportaria muito tempo!
Os pacientes eram separados por biombos de tecido e podia ouvir a respiração ofegante de alguns deles, ouvir o barulho do respirador, ouvir os gemidos de dor, ouvir o movimento dos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal da limpeza. A UTI não para! Eram 24 horas de intensa movimentação, e quanto mais às horas se passavam, mais cansada eu me sentia, afinal estava sem conseguir dormir, mas também meu estado estava piorando bastante, mesmo com o controle da pressão através do Sulfato de Magnésio.
O que mais preocupavam os médicos eram meus exames laboratoriais, que pioravam a cada exame. No dia 09/08 pela manhã, o ginecologista de plantão Dr. Marco solicitou uma ultrassonografia com doppler e do abdome total. Fui de maca fazer os exames, e me emocionei bastante, pois vi minha pequena SOFIA pela última vez com vida, no fundo eu sabia disso, perguntei se estava tudo bem, fui informada que a bebê estava abaixo do peso, mas que estava bem. Logo cedo, antes da ultrassonografia fiz outro exame de sangue, e o resultado saiu na hora do almoço. Na UTI tinha uma sala bem no meio e pude ver que diversos profissionais estavam reunidos, entre eles, o Dr. Marco, O Dr. Diego, enfermeira Adriana, entre outros. Tentei relaxar, rezar, implorar a Deus por um milagre, mas pela minha fraqueza aparente, eu já previa o pior, que para mim era perder a minha SOFIA. De repente, a enfermeira Adriana, juntamente com o Dr. Diego (mais uma vez com a decisão acertada) e o Dr. Marco vieram conversar comigo, e o que eu havia percebido se concretizou, informaram-me que eu estava piorando muito rápido, e que não havia outra saída a não ser a indução do parto, caso contrário, eu correria riscos. Comecei a chorar e a enfermeira Adriana solicitou o telefone dos meus pais, eu disse que eles não fizessem isso, falar uma coisa dessas para os meus pais, passei então o telefone da minha irmã Débora, da minha prima Iete e do meu Amor Guilherme, mas informei que todos eles ou já estavam no hospital ou estariam a caminho, pois estava próximo do horário da visita, solicitei também que informassem o meu médico Dr. Octacílio. Todos chegaram praticamente juntos, meu médico conversou comigo e disse que não teria outra coisa a fazer a não ser seguir com a indução do parto. Que naquele momento a minha vida era o mais importante! Eu chorava compulsivamente!. Minha prima ficou comigo na UTI e os médicos saíram para conversar com a minha irmã e o Guilherme. Na verdade, iriam informar o que eu já sabia, iriam salvar a minha vida, mas pelo tempo de gestação, era praticamente impossível salvar a vida da bebê. Chorei muito! Eu estava muito emocionada!. Comecei a sentir enjoos, afinal desde cedo me mantiveram em jejum, pois já previam o que iriam acontecer. As 14hs me deram um banho, e me transferiram para o Centro Obstétrico.

A INDUÇÃO DO PARTO – Eu sonhava com a hora do parto, mas sonhava acordada, afinal, é um momento mágico. Imaginava nós dois ali, recebendo ao mundo nossa filha, cheia de vida, e sonhava também com aquela primeira foto de nós três juntos, esse seria o momento mais feliz das nossas vidas!.
Por isso, ser informada pelos médicos, que eu seria conduzida ao Centro Obstétrico para a Indução do Parto me deixou muito triste e arrasada! (A indução do trabalho de parto resume à administração de medicamentos que estimulem as contrações do útero, para que o colo do útero comece a dilatar e assim permitir a passagem do bebê pelo canal vaginal). Eu sabia que ali, meu sonho chegaria ao fim! Que a minha SOFIA não poderia lutar, afinal era muito pequena, ainda não estava totalmente formada, mas mesmo sabendo de tudo isso, eu implorava a Deus por um milagre, por uma chance de saírmos as duas bem daquela situação, mas a cada exame, percebia que se não fosse iniciada a indução do parto o quanto antes, minha vida estaria em risco.
O Dr. Diego que me recebeu no Centro Obstétrico (mais uma vez ele), dia 09/08 as 15hs. Eu me sentia muito fraca, pois estava em jejum há mais de 20 horas além das plaquetas baixas e os picos de pressão alta, que aquela altura do campeonato, com toda aquela carga de emoções, já estava totalmente sem controle, por este motivo, o Dr. Diego solicitou que eu continuasse a ser medicada com Sulfato de Magnésio através da Bomba, pois só assim ela estabilizaria para inicio do procedimento.
Serviram-me uma sopa de mandioquinha, mas não consegui segurar no estômago, então me ofereceram água de côco bem gelada e um isotônico de limão, também bem gelado, isso foi o que eu consegui segurar no estômago durante as 26 (vinte e seis) horas de serviço de parto.
Exatamente às 16 horas do dia 09/08/2017 o primeiro comprimido foi introduzido, e fui informada que poderia durar 6(seis), 12(doze), 18(dezoito)hs ou até 3(três) dias, afinal, meu corpo não estava preparado para um serviço de parto, o comprimido serviria exatamente para este preparo, e tudo iria depender do meu organismo.
Naquele momento, minha irmã Débora que estava comigo na sala, mas do lado de fora estavam muitos amigos meus, minha família e o Guilherme. Foi um dia muito tenso, eu não estava bem, todos ficaram preocupados, então todos foram para o hospital, para saber notícias e entender o que estava acontecendo, alguns se revezaram para ficar comigo.
A cada 6(seis) horas entrava um médico para a introdução de mais um comprimido, ao todo foram 4(quatro). Eu de alguma forma, já sabia que o parto não aconteceria no dia 09/08, alguma coisa me dizia que seria no dia 10/08/17, que por uma ironia do destino, coincidência, ou algo muito maior, só poderia ocorrer no dia do aniversário do Guilherme, pai da Sofia. Neste dia pela manhã, ele entrou para ficar comigo, pois a Jaqueline havia passado mais uma noite ao meu lado. Eu estava sentindo cólicas e um pouco de contrações (pude enfim saber a diferença entre cólicas e contrações). Eu achava que já eram fortes, tanto que fui medicada na veia com buscopam composto, mas depois tive a certeza que aquilo que estava sentindo ainda não era dor forte. Ainda me sentia muito fraca, triste, pois já não sentia a minha Sofia mexer, mas não quis falar sobre isso com o Guilherme, pois acabaríamos nos emocionando e percebia que ele só estava se fazendo de forte, já o conheço um pouco, sabia que estava apreensivo e triste também. Já eram quase 14h40m e solicitei que ele fosse procurar algo para comer, então ele resolveu sair, no seu lugar entrou minha prima Iete, conversamos um pouco, ela sempre tentando me animar, mas a minha tristeza e minha fraqueza me dominava. Por volta das 15h10 comecei a sentir as piores dores da minha vida! Começava naquele momento o meu trabalho de parto, trabalho que durou três horas, as cólicas vieram muito fortes, não passaram em nenhum momento, e as contrações aumentavam conforme o tempo ia passando. Fui medicada novamente, com outro medicamento mais forte (segundo o médico), mas para mim, de nada adiantava, as dores só aumentavam, eu me sentia muito mais fraca, me contorcia de dores naquela maca, quase desmaiei várias vezes. O médico de plantão (Dr. Fábio Ramajo), que também foi outro médico muito humano, que foi super atencioso durante todo o dia, que se preocupou comigo, a ponto de passar o dia praticamente a minha disposição. Ele solicitou que retirassem aquela bomba e desligassem tudo, pois iniciaria naquele momento, o processo final de trabalho de parto. Eu não tinha forças para nada, mas a Iete me encorajava, tentava me dar bolacha, isotônico. Ela dizia: - Grita. Eu respondia: - Não tenho forças, minhas forças estavam quase no fim, mal conseguia abrir os olhos. Perguntei do Guilherme, ela respondeu que ele estava na sala ao lado e sabia tudo que estava acontecendo. De repente eu senti uma dor muito intensa, latejante, e percebi que estava chorando, achei que não aguentaria. O médico mostrou para minha prima que estava na hora, pois já era possível avistar o saco gestacional. Ele se encaminhou para a sua sala para colocar o jaleco, mas antes resolveu subir um pouco a maca, com este movimento, senti uma contração muito forte e dei um grito. Percebi que minha filha estava nascendo, e assim aconteceu, no momento do parto, só estávamos na sala, eu e minha prima. Brinco que ela que fez o parto! Senti uma dor muito forte, minha filha saiu e senti um alívio muito grande. O momento tão esperado da minha gestação aconteceu, mas não da forma inicialmente esperada, mas eu estava ali, viva! Sem forças, mas, aliviada!
Minha prima gritou, o médico e uma enfermeira nos acolheram, inicialmente relutei em ver a bebê, pois não queria guardar nenhuma lembrança triste, mas fui encorajada pela minha prima. Minha SOFIA foi colocada em um lençol branco nos meus braços, em seguida, o médico perguntou do pai, minha prima foi chamá-lo. Eu não sabia se o Guilherme iria querer entrar, não havíamos conversado sobre isso. Mas meu amor foi forte e encarou, mesmo com uma dor imensa, ele segurou a emoção e entrou na sala, visivelmente emocionado. Deu-me um beijo na testa, me abraçou e ficou olhando a nossa princesa, linda, nosso anjo. Por alguns minutos, ninguém falava nada, só observavamos a perfeição de Deus. O Guilherme me disse que ela era linda, que tinha o meu nariz, eu não tinha observado esse detalhe e fui averiguar. E não é que tinha mesmo o meu nariz! Ela era pequenina, perfeita, mas infelizmente, ali no meu colo sem vida. Esse momento foi mágico, mas muito dolorido! Olhamos-nos nós três (Eu, o Guilherme e minha prima), fizemos uma oração e logo em seguida o médico a levou para os procedimentos de praxe (peso e registro do parto). Foram pouco mais de 20 (vinte) minutos que fiquei com minha filha nos braços, momentos inesquecíveis, que vou guardar para o resto da vida! Poucos minutos depois, o médico retornou e disse que ela nasceu com 446 gramas, e que com esse peso, não seria necessário fazer o registro em cartório e nem fazer o enterro do corpo (procedimento obrigatório se ela tivesse nascido com mais de 501 gramas). Deus nos poupou de mais esse sofrimento, sofrimento que seria do Guilherme e da nossa família, pois eu não poderia sair do hospital.
A placenta que era o grande problema da gestação, pois a pré-eclâmpsia faz com que a mesma tenha uma má formação, em menos de 15 minutos após o parto saiu sem maiores problemas, e como já previsto, uma parte já estava necrosada, o que poderia causar lesão no feto. A bebê e a placenta foram levadas para estudo! Minha princesa se foi! Agora vive nos braços do pai, olhando por nós!

PÓS-PARTO – Eu fiquei um pouco apreensiva logo após o parto, tinha um grande medo de voltar para a UTI, pois mesmo horas após o parto, ainda permaneci no Centro Obstétrico e minha pressão nada de baixar, muito pelo contrário, tive picos de 18x11, então comecei a pedir a Deus para não voltar para aquele lugar. Mas felizmente fui transferida para um quarto (134 – leito B). Cheguei ao quarto e fui recepcionada por 2(duas) enfermeiras, que me ajudaram no primeiro banho pós parto, juntamente com a minha prima. Foi o primeiro banho de chuveiro em 4(quatro) dias, e apesar de não poder molhar a cabeça e a quantidade de sangue que saia, eu me senti limpa. A obstetra de plantão foi conversar comigo, deu as primeiras explicações e disse que as primeiras horas pós-parto eram críticas e preocupantes, que eu seria acompanhada como se estivesse na UTI (exames de sangue, controle da pressão de 4 em 4 horas, medicamentos via oral para a pressão e caso necessário pela veia). E assim aconteceu por vários dias.
Já no quarto, mesmo com o adiantado da hora (22 hs) foi liberada a entrada da minha família. Eu estava com muito sono, dias sem conseguir dormir e dopada com tanto medicamento que me deram. Meu amor passou essa noite triste ao meu lado, sentado em uma poltrona pequena e desconfortável, mas firme, cuidando de mim. Apaguei de tanto cansaço, exaustão total!.
No dia seguinte acordei às 7hs, sentia dores na barriga, sentia um vazio enorme no meu ventre, afinal foram 6 meses e meio carregando a barriga, e um pouco de tontura, mas era por conta do sangramento e dos medicamentos. Essa sensação aos poucos foi passando (dor física), o que insistia em não baixar era a pressão, passavam os dias e a pressão continuava alta e com picos de até 19x11. Os exames laboratoriais com a graça de Deus tiveram uma melhora significativa, ficando a minha alta condicionada ao controle da pressão, mas meu organismo não estava reagindo aos medicamentos prescritos pela equipe de obstetrícia, então foi solicitado a visita de uma cardiologista, visita esta que ocorreu no dia 15/08 bem cedo, conversamos bastante, a medicação que estava tomando foi toda suspensa e uma nova medicação foi ministrada. Ela disse que faria uma experiência de 24 horas, que se minha pressão estabilizasse, ela me daria alta. Foram horas intermináveis, mas felimente, a pressão estabilizou (13x9), não como antes, mas pelo menos não tinha mais picos, que era a grande preocupação dos médicos. Na manhã do dia 16/08, eu estava muito ansiosa! Não conseguia me concentrar em nada, depois de mais uma noite sem conseguir dormir direito (já era a terceira), pois passei a sentir medo, fobia, claustrofobia, falta de ar. Na verdade, estava sentindo pânico daquele lugar, mesmo sendo super bem tratada por todos naquele hospital, não suportava mais permanecer ali, sentia falta da minha vida, das minhas coisas, da minha família. Sensação horrível! Fiquei com medo de Síndrome do Pânico! E tudo isso também contribuia para o descontrole da minha pressão. Só não foram piores esses dias no quarto, pois dois anjos cuidaram de mim (Técnicas de Enfermagem Priscila e Sabrina). Elas eram carinhosas, humanas, atenciosas, super preocupadas com a minha saúde e sempre sorridentes. Como agradeço o carinho delas nesse momento tão difícil da minha vida!
As 10hs tive alta, enfim retiraram do meu braço o acesso que eu tomava os medicamentos, minha irmã Jaqueline estava comigo, eu recebi o relatório de alta, o receituário contendo 6(seis) medicamentos para o controle da pressão em casa e um encaminhamento para um Cardiologista (urgente) e um ginecologista no prazo de até 7(sete) dias.
Estava livre, podia respirar como há muito tempo não conseguia, o repouso continuaria, mas pelo menos estava em casa, ao lado da família, desejando que a recuperação não demorasse muito, pois meu desejo é o quanto antes retomar minha vida.

AGRADECIMENTOS – Na vida, a única coisa que importa realmente é o AMOR, e descobri durante esta minha estada no hospital, que sou muito amada, amada pela minha família, amada pelos diversos amigos que fiz ao longo da vida, amigos de escola, amigos de faculdade, amigos de diversos trabalhos, amigos dos amigos, que se tornaram meus amigos e os amigos da longa jornada, enfim, anjos que carrego em meu coração, importantes para a minha essência, e que não me abandonaram no momento mais difícil. Recebi muitas visitas, muitas mensagens, telefonemas, orações. Foi uma corrente tão grande, que podia sentir toda aquela energia boa emanando sobre mim. Como sou agraciada por ter cada um deles fazendo parte da minha caminhada!
Meus agradecimentos especiais vão para pessoas especiais, que não mediram esforços e se revezaram para ficar comigo no hospital durante os 12(doze) dias de internação (05/08/17 a 16/08/17). Primeiramente a minha mãe Ilda, as minhas irmãs Débora e Jaqueline, minha prima Iete, minha amiga/irmã Sandra e meu amor Guilherme. A todos vocês, meu mais sincero obrigada! Vocês são o que de melhor tenho nessa vida! Por amor, permaneceram ali, firmes e fortes. Que Deus abençoe e ilumine cada um de vocês!
Aos profissionais do Hospital e Maternidade Casa de Saúde de Santos, a quem eu devo minha vida, e que vou lembrar para o resto dela, muito, muito, muito obrigada! Eu não poderia ter sido encaminhada para outro hospital que não fosse ali. Pude ver e sentir, o que é ser atendida em um Hospital com um atendimento HUMANIZADO, profissionais qualificados, capacitados e atentos, precisos no diagnóstico, rapidez na solução do problema, e carinhosos em tudo, em tudo mesmo. Carinho e respeito que recebi dos médicos, enfermeiras, técnicas em enfermagem, equipe de nutrição e copa, e do pessoal da limpeza. Vocês fizeram toda a diferença! Cada profissional que me atendeu teve a sua importância, e não tenho do que reclamar de nenhum de vocês, eu tenho é que agradecer aos céus e a Deus por existir em nossa região, um hospital como esse, onde o mais importante é o paciente, é a VIDA.
Infelizmente, não consigo lembrar-me do nome de todos os profissionais, mas alguns, jamais esquecerei! Primeiramente o obstetra Dr. Diego Gomes Ferreira, um grande médico que apareceu na minha vida, um profissional competente, que tomou as decisões corretas (internação, UTI e juntamente com a equipe, a decisão de interromper a gravidez), decisões que salvaram a minha vida. Eu lhe desejo do fundo do meu coração, muita saúde, muito sucesso profissional e muita sorte na vida! Que a sua juventude, que a princípio me incomodou um pouco, e que peço desculpas, possa ser o combustível para o seu crescimento profissional. Meu muito obrigada! Ainda vou ouvir falar muito de você! Virei sua fã! Agradeço também o obstetra Dr. Fábio Morozetti Ramajo, profissional que fez o meu parto, um médico muito humano, carinhoso e atencioso. Foram horas de muita dor, dores que não eram só físicas, mas que foram amenizadas com a calma, paciência e sensibilidade de um profissional tão especial, e que também desejo o melhor nesta vida! Durante o pós-parto, nos 6 (seis) dias que passei no quarto 134 leito B, pude ser cuidada com muito carinho e atenção por dois anjos, duas técnicas em enfermagem, Sabrina A. Sotelo e Priscila Rathlef S. Nigres. Essas duas profissionais fizeram seu trabalho com muita competência e maestria, mas fizeram muito mais, me encorajaram, me deram carinho e atenção, sempre tinham uma palavra amiga quando percebiam que eu estava triste e até chorosa, me ajudaram a não enlouquecer naquele quarto, pois muitas vezes eu tinha a impressão que ia me sufocar, período em que a tristeza me dominava, mas como disse no início, anjos estavam ali. Sou muito agradecida por vocês duas! Que Deus possa na sua infinita bondade, de alguma forma, retribuir tudo que vocês fazem pelos pacientes, mesmo sem conhecê-los. Como fizeram comigo!
Agradeço também meu médico/ginecologista Dr.Octacílio Sant’anna Júnior, obrigada pelo carinho e atenção, pelas visitas ao hospital e pelo acompanhamento do caso, contribuindo na tomada de decisões.
Ao nosso DEUS poderoso vai o meu maior e profundo AGRADECIMENTO, pois em cada momento de tudo o que passei, ele estava presente, ele era o comandante. Sentia sua presença viva em cada oração, em cada louvor, em cada mensagem de fé que recebia. Mas numa certa noite, acho que três dias após o parto, pude sentir que alguém estava ali velando meu sono, e acalmando meu coração. Foi uma sensação única e transformadora! Que alegrou meu coração e acalmou minha alma, me ajudando a aceitar os seus desígnios. Afinal, nosso pai é soberano. Só ele sabe o que é melhor para nossas vidas! Só ele enxerga o todo! Talvez o tempo me dê respostas, mas não pretendo buscá-las, se elas tiverem que vir que venham naturalmente. Quero saúde e paz para continuar vivendo, curtir minha família, curtir meus amigos, fazer novos amigos, aproveitar a vida com meu AMOR....aproveitar a nova vida daqui pra frente.
LUZ SONHADORA
Enviado por LUZ SONHADORA em 08/08/2018
Reeditado em 13/08/2018
Código do texto: T6412881
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.