CANTO DE NATAL À POSTERIDADE

Não tenho nenhuma vontade de ser "famoso", como dizem alguns amigos, quero sim, que o Onipotente continue a me dar motivos, elementos, vitalidade e versatilidade para continuar a criar. Poeta com fama ao seu tempo nega a própria etimologia da palavra POETÉS: o profeta, o antecipador da boa nova, arauto, menestrel sonhador muitas vezes incompreendido por estar além de seu tempo. Poeta é aquele que, estando morto – o fio de linha na passagem pelo olho da agulha do tempo – é resgatado nominalmente para a eternidade. Esta sim, eu aspiro com tenacidade, homenagem ao trabalho de uma vida inteira; pelo reconhecimento da obra na singeleza obscura dos enigmáticos receptores; pela fraternidade entre os confrades. Não vês o Cristo Jesus? Depois de dois mil anos, está mais vivo do que nunca. Revelado por seus atos e obras pela voz perene dos apóstolos da Igreja... E nenhuma linha sua... Os outros depuseram sobre a sua passagem terrena... Há uma forte corrente de historiadores e pesquisadores que o dizem “analfabeto da escrita”; todavia, o dono da Palavra, do Verbo pronto e entendível: o antevisor que aponta o caminho, o Grande Poeta da Verdade e da Vida... Sim, quero apenas a sua força, como Jesus Menino: que abençoe a Poesia no seio da espiritualidade e dê olhos e sensibilidade aos agentes da Confraternidade. Cada poema é um sussurro amoroso da condição humana...

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

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