IMPRESSIONANTE MESMO!
Os professores lutam para ensinar a língua padrão exigida pela escola e pelas academias "donas" da língua. Na contramão, os próprios representantes do sistema usam e abusam de uma variante que o povo já conhece, mas que muitos discriminam. Ora, se um ministro da educação não precisa saber escrever de acordo com a ortografia vigente para ser ministro, por que (pergunta o aluno inquieto), por que eu, que só quero ser enfermeiro, preciso não errar na hora de concorrer a um cargo?

A coisa é complicada. Isso me lembra da confusão que fizeram os acadêmicos quando uma professora, autora de um livro didático, em um capítulo que fala sobre variação linguística, descrimina (como se fosse um crime) a oralidade fluentemente empregada pelos alunos. Pergunto eu agora: Onde estão os acadêmicos e gramáticos que fuzilaram o referido livro?

Assisti a uma entrevista em que, de um lado, o Dr. Marcos Bagno (cientista da linguagem) fala sobre o fenômeno da variação das línguas como algo que ocorre naturalmente e que segue uma regra clara e coerente; e de outro lado, uma escritora, que preza pela nossa língua portuguesa, - "inculta e bela", disse o poeta - estigmatizando o português que não fosse o "correto". Arre!

AONDE quero chegar?

Veja bem: o estudante passa duas aulas aprendendo a ler e escrever uma língua que lhe proporcionará alcançar o conhecimento, a informação exata, a comunicação precisa e, quiça, ainda trabalhar pela arte da palavra. Depois, esse mesmo estudante é bombardeado por todo tipo de "imagens" contra às quais a escola trabalha. Paciência esgotada!

Não sou e nunca fui purista. Sempre combati preconceitos (até os meus). Então, para que cobrar teste de ortografia em concursos e afins? se o representante maior da instituição de educação no país não liga a mínima para as ditas convenções ortográficas.

Quero chegar a um país em que se pratique o que se determina/convenciona socialmente. Roubo é crime? Que nossos representantes lutem (e não se eximam de suas responsabilidades) contra todo e qualquer tipo, tenha ele o nome que tiver - furto, desfalque, propina, corrupção etc. E que um representante do sistema aja conforme preconiza esse sistema. Porque até agora o que vejo são os profissionais da educação (os bons, claro) dando murro em ponta de faca!