Internetês: o que é? (por Caetano de Sousa João Cambambe)

‘’O internetês é conhecido como forma grafolinguística que se difundiu em textos como chats, blogs e demais redes sociais. Seria uma prática de escrita caracterizada pelo registro divergente da norma culta padrão, (...) razão pela qual seus adeptos são tomados como “assassinos da língua portuguesa”, do ponto de vista dos avessos a essa prática de escrita’’. (Komesu e Tunani, n.d., para. 4)

‘’Internetês é um neologismo (de: Internet + sufixo ês) que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que "as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão, duas ou no máximo cinco letras", onde há "um desmoronamento da pontuação e da acentuação", pelo uso da fonética em detrimento da etimologia, com uso restrito de carácteres e desrespeito às normas gramaticais.’’(*)

Em outras palavras, refere-se àquele acto de "emagrecer", ou seja, abreviar e acentuar sem motivos, dar uma nova cara, na vertente escrita, às palavras que a gente geralmente utiliza nas redes sociais, fazendo com que haja um desvio ortográfico quanto à norma da língua. ‘’A prática de abreviação, o banimento da acentuação gráfica, o acréscimo ou a repetição de vogais, as modificações do registro gráfico padrão, com troca ou com omissão de letras, são alguns dos traços que podem ser observados na ortografia desse texto.’’ (idem)

O internetês é, na realidade, actualmente visto como uma variante gráfica da língua, que é geralmente utilizada em locais como este, mormente no Facebook, Badoo, In, Tweeter, G-mail, WhatsApp, Orkut, etc.

‘’Bagno (apud VOLPATO, 2007), por sua vez, em entrevista à Revista da Cultura, acredita que o internetês é “questão de grafia”. Para o sociolinguista, trata-se de um fenómeno que deve ser observado na complexidade das transformações sociais, culturais e tecnológicas.’’ (como citado em Komesu e Tenani, n.d., para. 5)

Com o internetês, as palavras acabam por ser totalmente reduzidas até se chegar ao ponto de duvidarmos se realmente esta ou aquela palavra a gente conhece. Noutros casos, chegamos mesmo, tendo em conta o contexto, a abreviar as palavras à nossa moda, desrespeitando, inúmeras vezes, muito daquilo que a tradição gramatical portuguesa prescreveu para que, em situações essa, possamos seguir um modelo estandarlizado, a fim de possiblitar uma boa compreensão por parte de quem lê. Na internet, ao que nos parece, ocorre o contrário. A regra de abreviação depende de cada utente dessa rede.

Você acredita que a frase interrogativa ‘’como é que é?’’, no Facebook, actualmente em Angola passou para ‘’mekié‘’? É uma evolução gráfica espetacular! Pode-se, também, dar-se ao caso da 'lei de menor esforço', mas do ponto de vista gráfico da língua.

Enquanto na fala e na escrita padrão a gente usa 'meu irmão', com o internetês, a gente passou, fazendo referência à fala, a escrever 'mormão'.

Não há problemas, de acordo com alguns especialistas, em utilizar a mais recente variante gráfica da língua em locais (diga-se) como já referenciados. "O internetês pode não representar uma ameaça (...). Não existirá fator de risco. Uma coisa é a grafia; outra, a língua. Não há linguagem nova, só técnicas de abreviação no internetês. As soluções gráficas são até interessantes, pois a grafia cortada é a vogal. A palavra "cabeça", por exemplo, vira "kbça", e não "aea". A primeira forma contém os fonemas indispensáveis ao entendimento ". (Sírio Possenti, 2008, apud Maciel, n.d., para. 5)

______________________________

(*) Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Internetês . Acessado em 21 de Setembro de 2016.

CaetanoCambambe
Enviado por CaetanoCambambe em 06/11/2016
Código do texto: T5814689
Classificação de conteúdo: seguro