Exaustão
Tô cansado de ser peregrino
Vagando por desertos
Pregando pra camelos
Cantando pra amoucos
Dura lida! Para poucos!
Ainda admiro quem peleja
Quem tá na luta e não esbraveja
Quem não se deu por vencido
Quem supre o remo com as mãos
Quem nesse caos vê a beleza
Mas me perdoem a franqueza
Eu tô cético, eu tô seco
Tô sem sorrisos, indiferente
Imerso em mim, perdido em fins
Triste e descrente, fugindo de gente
Farto comigo, passivo no raso
Deus me livre da armadilha presente
Na crença vil dos ultra coerentes
Na vaidade dos consistentes
Na santidade dos iluminados
No ódio bondoso dos descolados
Na minha própria surdez
Mas não me dê ouvidos
Não me dê linha
Não me leve tão a sério
Eu só estou muito fadigado
Eu só não estou muito inspirado
Daqui a pouco o sol se põe
E amanhã, um novo dia se propõe
Talvez!
Talvez!