ALMA DE CAMPO
Carrego alma de campo
Socada dentro do peito
Mesmo sendo índio pobre
Nunca tive preconceito
Papai sempre me disse
Ser pobre não e defeito
Tenha bom trato as pessoas
Terás o devido respeito
Me criei solto pelo mundo
Desde o tempo de piazito
Igual filhos de perdiz
Eu fui crescendo solito
sem me afastar dos arreio
Neste caminho que sigo
Sobre um catre de pelegos
Foi minha cama meu abrigo
Nesta milonga crioula
Que no violão eu dedilho
Parte da minha existência
Do ringido dos lombilhos
Nos cotidianos da lida
Entre canhadas e coxilhas
Onde espalhei meus versos
E as bem domadas tropilhas
Tropas xucras araganas
Criadas a campo a fora
Sem o arrocho do bocal
E os cravos das esporas
Desculpe minha rudeza
Ao descrever estes fatos
São coisas que vivo e sinto
Ao definir meus relatos