ZAINO NEGRO
De certa feita num rodeio
Na estancia do minuano
Tropilhas das mais veiaca
Aporreados de seis anos
Premiação bem macanuda
Tinha até carro importado
A indiada cresceu o olho
Pois a crise anda danada
O narrador logo anunciou
Montaria só convidados
Eu como ja estava na lista
Já tinha me classificado
Fiquei assim meio de canto
Não demorou fui chamado
Pra saber do compromisso
E o sorteio dos aporreados
Dali fomos todos pra pista
Dois palanques cravados
Já bufando no cabresto
Um zaino negro e um tostado
Senti como vai ser cruel
Pra se ganhar uns trocados
O zaino negro era uma fera
Parecia um tigre enjaulado
Pensei assim comigo mesmo
Por sorte monto o tostado
Sortearam-me o zaino negro
Bufando de lombo arcado
Num upá saltei pra riba
Aprumei-me bem crinado
Ainda o pano tapando a cara
Mandei solta o desbocado
Já se fomos naquele trovejo
Como numa dança de tango
Me afirmando nas esporas
E no compasso do mango
Mais de três voltas na arena
Tentando me dar o tombo
Mais firme que um carrapato
Eu me agarrava no lombo
Numa desta foi pro ar
Na volta braba se boleou
Abri a perna sai de cima
Ele no chão se planchou
Caio solto de mau jeito
O zaino negro se desnucou
São as tristes passagens
Da vida de quem já domou