ZAINO NEGRO

De certa feita num rodeio

Na estancia do minuano

Tropilhas das mais veiaca

Aporreados de seis anos

Premiação bem macanuda

Tinha até carro importado

A indiada cresceu o olho

Pois a crise anda danada

O narrador logo anunciou

Montaria só convidados

Eu como ja estava na lista

Já tinha me classificado

Fiquei assim meio de canto

Não demorou fui chamado

Pra saber do compromisso

E o sorteio dos aporreados

Dali fomos todos pra pista

Dois palanques cravados

Já bufando no cabresto

Um zaino negro e um tostado

Senti como vai ser cruel

Pra se ganhar uns trocados

O zaino negro era uma fera

Parecia um tigre enjaulado

Pensei assim comigo mesmo

Por sorte monto o tostado

Sortearam-me o zaino negro

Bufando de lombo arcado

Num upá saltei pra riba

Aprumei-me bem crinado

Ainda o pano tapando a cara

Mandei solta o desbocado

Já se fomos naquele trovejo

Como numa dança de tango

Me afirmando nas esporas

E no compasso do mango

Mais de três voltas na arena

Tentando me dar o tombo

Mais firme que um carrapato

Eu me agarrava no lombo

Numa desta foi pro ar

Na volta braba se boleou

Abri a perna sai de cima

Ele no chão se planchou

Caio solto de mau jeito

O zaino negro se desnucou

São as tristes passagens

Da vida de quem já domou

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 04/06/2023
Reeditado em 07/02/2024
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