Tentei de tudo e nada mudou

A dor me atinge como um raio

Tentei seguir atalhos

Nem tenho pano mais pra fazer

retalhos

Meu coração tá fudido pra caralho

Pareço espantalho cheio de táios

Não suporto mais o trabalho

Falam mais besteira que papagaio

Minha aorta já calcificou

É tanto sapo que tenho que engolir

Até já comi o pão que o diabo

amassou

Tentei sobreviver no modo taciturno

Agora vivo com olheiras que nem um bicho noturno

Já botei piercing, fiz tatuagem,

Escrevi Rock, Rap, Reggae

Mas nada mudou meu lado nerd.

Já fui cética, crente, demente

Tudo num pacote só,

mas ninguem perguntou se

eu estava melhor.

Tentei de tudo e nada mudou

Fui pra floresta

Tipo eremita mas não era

Penitência

Não aguentei a abstinência

da cidade,

Voltei tarde

Já tinham chamado até

autoridades pra me procurar

Fizeram um cartaz de desaparecida

com número pra ligar

Queriam ibope e chamar atenção

Nunca se importaram comigo não

Me isolei, me enturmei, me afastei,depois voltei...

Mais me trataram igual da última vez

Hoje nem sei que tipo de gente sou

Tentei de tudo e nada mudou.

Virei vegan, fiz das plantas meu prato principal

Andava que nem moribundo

de pele amarelada e tal

O jeito foi virar canibal

Pra voltar minha forma natural

Tentei de tudo e nada mudou...

Tomei um porre daqueles de levantar a perna

Baguncei minha casa

Não enxergava nada

Era só a baderna

Noutro dia

Uma ressaca da merda

Fui pro curso sem lembrar do percurso

que nem cão sem saber o rumo

Tudo num pacote só

mas ninguém perguntou se

eu estava melhor

Fui diabinha, santa,

Esperta, tonta,

Inocente, pra frente,

Mas não notaram que eu sou gente.

Fiz de tudo e nada mudou

Me fingi de cega, surda, muda,

Andei até de muletas na rua

Mas ninguém me ofereceu ajuda.

Fui católica, muçulmana,

Animal, humana,

Participei de seita, ritual,

Mas nada me deixava legal

Recorri até na macumba

Pra buscar cura emocional

Saí como doida com um chute na bunda.

Tudo num pacote só

mas ninguém perguntou se

eu estava melhor

Fiz de tudo e não mudei nada

Acho que sou uma espécie de barata

Vivo sem a cabeça

Arranco minhas patas

E tento me regenerar do zero

Como uma larva

Fiz de tudo e nada mudou.

Drogadinha Poetisa
Enviado por Drogadinha Poetisa em 25/09/2019
Reeditado em 25/09/2019
Código do texto: T6753548
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