Cálice - Chico Buarque de Holanda

*Lembrando grandes músicss da minha infância,uma das primeiras do CHICO que eu decorei toda letra com apenas 12 anos de idade, depois mais tarde quando entrei mo curso de Letras no Centro Universitário ÚniItalo fiz um curso de Teoria Textual onde a análise foi dessa letra.

Cálice (part. Milton Nascimento)

Chico Buarque

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga?

Tragar a dor, engolir a labuta?

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa?

Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa

Atordoado eu permaneço atento

Na arquibancada pra a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

De que adianta ter boa vontade?

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

Quero cheirar fumaça de óleo diesel

Me embriagar até que alguém me esqueça

Observação:

Carolina Marcello

Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

A música Cálice foi escrita em 1973 por Chico Buarque e Gilberto Gil, sendo lançada apenas em 1978. Devido ao seu conteúdo de denúncia e crítica social, foi censurada pela ditadura, sendo liberada cinco anos depois. Apesar do desfasamento temporal, Chico gravou a canção com Milton Nascimento no lugar de Gil (que tinha mudado de gravadora) e decidiu incluir no seu álbum homônimo.

Cálice se tornou num dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar. Trata-se de uma canção de protesto que ilustra, através de metáforas e duplos sentidos, a repressão e a violência do governo autoritário.

Chico Buarque de Holanda
Enviado por Giovânia Correia em 24/08/2019
Reeditado em 24/08/2019
Código do texto: T6728278
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