Jogando
O teu amor é a minha válvula de escape...
Partículas queimadas de carbono e ilusão.
Tenho um coração misturado a sua fuligem.
Ainda estou afim,
mas você finge.
Finge tão mal.
Você me deixa down.
Vou solvendo a tua água doce,
brindando as gostas do teu fel.
Como um refrigerante sem gás.
Como um sanduíche recheado
apenas de alface.
O teu gostar esta vestindo
mil disfarces.
Sou um prego ficando
ao seu lado.
Do nosso barco furado.
Dançamos friamente
sem um jaz.
Queria que você ainda
me amasse.
Amasse-me.
Não como um papel.
Um simples papel
Sinto-me tão amassado.
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Por ela...
Por ela...
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Estamos sem clima
para uma sessão da tarde.
Sem bilhetes para uma
sessão coruja.
Tão tarde!
Já tarde...
O nosso agora é
uma furada.
Estados em guerra.
Não sei mais se você
ainda é a minha namorada?
As frases vão ficando
assim em reticências...
A luz dando espaço
ao escuro.
Meus olhos são dois
faróis queimados.
Vivemos das aparências.
Corações batendo bielas
Tentando escrever enredos,
quirelas...
Falta carne em
nossa panela.
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Por ela...
Por ela....
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Seguindo na contramão...
Como um filme sem continuação.
Roupas sujas de segredos,
Te confesso amor,
eu tenho medo.
Do ácido do teu limão.
Vou pagando o preço.
Descascando a minha pele,
em nossos recomeços...
Um homem-camaleão.
O teu mico-leão
Ainda em tuas mãos.
Felina que me fere.
No palco do amor,
uma atriz,
um ator.
Sentimentos...
Como se esquece?
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Por ela....
Por ela...
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Os teus verbos já não
pedem complemento.
O teu afeto tem um quê
tão intransitivo.
Ainda assim...
Eu tento....
Tento!
Mas agora você só
me sorri por dentro.
Lamento por ser o teu
objeto direto predileto.
Vou aceitando o
seu jogo bobo.
Faço-me o teu brinquedo.
Tento falar o teu dialeto.
Ainda rolam os dados,
viajo em nosso passado...
Será que amanhã ainda
estaremos lado a lado?
Por hora...
marca os teus xis.
Vamos jogando,
fazendo rabiscos.
Talvez ainda seja fácil
mentir.
Sozinho ainda te sigo...
Ainda somos amantes,
amigos?
Será que o amor irá
resistir?
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Por ela...
Por ela...
Oh! Éh!
Oh! Éh!
Autor: Francisco de Assis Dorneles