“A ROSA”
Arrasa,
o meu projeto de vida
Querida,
estrela do meu caminho
Espinho,
cravado em minha garganta, garganta
A santa,
às vezes troca meu nome, e some
E some,
nas altas da madrugada
Coitada,
trabalha de plantonista
Artista,
é doida pela Portela, oi ela
Oi ela,
vestida de verde e rosa, a rosa
A Rosa,
garante que é sempre minha
Quietinha,
saiu prá comprar cigarro
Que sarro,
trouxe umas coisas do norte, que sorte
Que sorte,
voltou toda sorridente
Demente,
inventa cada carícia
Egípcia,
me encontra e me vira a cara
Odara,
gravou meu nome na blusa, abusa
Me acusa,
revista os bolsos da calça
A falsa,
limpou a minha carteira
Maneira,
pagou a nossa despesa
Beleza,
na hora do bom se queixa, me deixa
A gueixa,
que coisa mais amorosa, a rosa
A Rosa,
o meu projeto de vida
Bandida,
cadê minha estrela-guia
Vadia,
me esquece na noite escura, mas jura
Me jura,
que um dia volta pra casa
Arrasa...
(*) "A Rosa", Chico Buarque de Holanda.