CAIPIRA CAIPORA

Sou homem do mato

pau- ferro, aroeira,

sou fera sofrida,

sou cobra, sou rastro

nos confins do eito

Nada sei do fundo

que não seja machado e foice.

Não sou de amargar no tempo

viajo no assovio do vento

feito folha solta silente.

E a mil milhas singra minha alma

a mil metros sangra minha calma

E além do jeito e da sorte

mal sei se é virtude ou defeito

refugar o sal da cuia

recusar o que é suspeito

Mas quando o amor é saudade

um sino repica em meu peito

viro três noites na viola

esqueço até de ir embora

sou o mais besta brejeiro.

Carlos Abdon
Enviado por Carlos Abdon em 17/06/2018
Código do texto: T6366816
Classificação de conteúdo: seguro