Fundo Mundo
Este fundo mundo
É uma rasura
Nos meus rasos olhos
Há uma fundura
Já bebi da liberdade
Água do caminho meu
Mas ser minha nunca soube
Que será que aconteceu
Este fundo mundo ...
Já provei da inconsciência
De não ser o que eu sou
Mas achei-me pelas ruas
Do meu mundo interior
Este fundo mundo ...
Não procuro que me entendam
Mas me assusta a solidão
Me agarro aos dias velhos
Sem desprezo aos que virão
Este fundo mundo ...
Há cidades no meu peito
Que ninguém vai percorrer
Más estradas maus caminhos
Que eu mesmo fiz nascer
Este fundo mundo ...
Eu te dou os ossos velhos
E o ouro de ninguém
E também a liberdade
De herdar o que não vem
Este fundo mundo
É uma rasura
Nos meus rasos olhos
Há uma fundura
(Pitangui, MG/1970)
(Ritmo: Valseado)