Pé redondo
Bola roda roda demais
Cuida que o mundo em roda te faz
E a roda depois de ser roda
Vicia na moda não quadra jamais
Os mil novcentos nos vêm perguntar
Aonde essa ânsia essa crença vai dar
Tempo das marcas disformes
Dos pés na poeira no pó do caminho
Tempo de estrepe e de espinho
Dos cacos de vidro na sola dos pés
Gira girassol bonita
Ciranda tem que rodar
Mas num dente de engrenagem
Não o pode o homem
Ver-se transformar
A estrada lamacenta
Suja ou poeirenta
Não existe mais
Pois o homem tão moderno
Tem os pés redondos
Como seus iguais
Gira girassol bonito
Ciranda tem que rodar
Mas o dente da engrenagem
Não pode o homem
Vir a mastigar
(Pitangui, MG, 1988)
(Rimo: Valseado)