A Deusas
Quantos rosários pequei
Quantos infernos rezei
Todos por vós oh senhoras
Mas juro não mais já não hei
Morre mulher morre logo
Já que tu não podes nascer
Deixa eu regar sempre-vivas
Deixa-me enfim convencer
Artes do nicho dos ventos
Não vives nem deixas viver
Quantos rosários ...
Passo a faca no sonho
Já nem sangue sabe verter
Abro as nuvens com sopros
Quero futuros beber
Luas e deusas antigas
Não quero reconhecer
Quantos rosários ...
Lanço as velas à sorte
Aos ventos do deus-dará
Seja pro sul ou pro norte
A rota é não mais ficar
Seja-te a terra bem leve
Passado, te deixo cá
(ritmo: valseado)
(Pitangui, MG, 1970)