O OCRE E O CARMIM
Não tem face nem nome
Só sente sede e fome
E procura por mim
Traz avalanches secretas
Eternas promessas
De anseios sem fim
Gosta de se achar poeta
Deságua em ondas e cores
Nada pede pra si
Quando invade é sem juízo
Desfralda lágrimas e riso
Flor pra quem tudo é jardim
Às vezes vou com ela
Quebro algumas vidraças
Vento o ocre e o carmim
Me disseram que é Iansã
Rompendo os ares
Troando em mim
Acho que não tem nome
É coisa que dá em gente
E insiste em existir
Só sei que me faz sentido
E a despeito da tortura
Pode ventar, pode vir