"Forasteiro"

Estrangeiro de tudo que levas

Do bilhete deixado no trem

Ao endereço da tua sacola

Da mulher que chamou-te meu bem

Na viola amar o que levas

E o que levas levar-te também

Esta vida que vai na conversa

E na conversa deixar de onde vem

II

Forasteiro que mora sem terras

Que de sonhos dorme sem eiras

Das estradas de ventos nas velas

Dos teus pés que dobram bandeiras

Bandoleiro sobre o tempo que passa

Ninguém sabe o que passa contigo

Tempo anda e prega suas peças

Nem que impeças, o tempo é antigo

III

Presidente de um céu abstrato

Que na vida forma uma escola

Sem domar bem o seu guardanapo

Enxugar o valor do que chora

Sois poeta na noite que é ladra

E a palavra que miras é a certa

Lá de um palco ou em rua deserta

Tua mãe é tua guitarra

IV

Na viola amar o que levas

E o que levas levar-te também

Esta vida que vai na conversa

E na conversa deixar de onde vem

Navegante que leva nos olhos

Qual sua ilha Cabral a caminho

A ressaca de amar quando acerta

O cansaço habitado no ninho

Presidente de um céu abstrato...

Zé Trovão
Enviado por Zé Trovão em 11/12/2013
Código do texto: T4607782
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