CAMINHANTE VIAGEIRO

Passa o meu passo nessa estrada torta, passam dias, passam noites, passo sem te encontrar.

Passo o meu prazo preso nas cadeias, passo preso é peso morto, não tem onde se enterrar.

Passa o meu passo perdido na praça, passa o resto, passa a caça, passo para não chorar.

Passo sonhando, passando sem graça, no pânico parvo desse maldito penar.

Faço o meu rastro preso nessa estrada, faço pouco, faço caso, passo sem me lamentar.

Faço o meu prato apresso a lua cheia, é estrada reta, é corpo torto, não como se aprumar.

Canso o meu passo, tomo uma cachaça, passa o verso, passa a massa, passo só para te buscar.

Passo morrendo na paz que devassa, atônito, escravo do não dito, não falar.

E no meu passo, perdido, calado, vai passando o sol deixado, vai passando o caminhar.

E no meu passo parado e sofrido, passa o outro alarido no meio do meu cantar.

E no meu campo canto tanto quanto morto, canto vida, canto torto, canto sem me encontrar.

Canto perdido nessa estrada torta, passa o dia, passa a noite, não passará.

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 23/07/2013
Reeditado em 23/07/2013
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