BOI, BOIADA E BOIADEIRO
O vaqueiro traz o laço, o gibão e o berrante
No pescoço medalha de São Gonçalo de Amarante
Protetor de boiadeiro, violeiro e cantador
O santo conhece a lida e o ofício do laçador
A manada é reunida ao aboio do vaqueiro
Malabar, zebu, nelore, guzerá, gado junqueiro
Boi malhado, mosqueado, catravos e estrelados
Patas, guampas e mugidos, marruás alevantados.
He!!! boiada e boiadeiro vai,
Corre o trecho que a noite já vem
He!!! boiada e boiadeiro vai,
Que o final da estrada é muito além.
No chão de estercos e lama pisam touros e peões
Alimárias ruminantes, curraleiros, barbatões
O lamento do garrote perdido em meio à manada
Some ao som das raças puras e mestiços da boiada
Marcha o gado lentamente na tardinha de verão
Sob o canto dos campeiros nos caminhos do sertão
Enfrentando sol e chuva no lombo das montarias
O vaqueiro tange o gado por vales e pradarias.
He!!! boiada e boiadeiro vai,
Corre o trecho que a noite já vem
He!!! boiada e boiadeiro vai,
Que o final da estrada é muito além.
Os cascos dos arribados trovejam no chapadão
No turbilhão da boiada sobe a poeira do chão
Mato Verde, Monte Azul e Espinosa ficam pra trás
A boiada vai deixando terras de Minas Gerais
Passam rios e campinas, chegando o final do dia
A manada vai entrando no cerrado da Bahia
Quando termina a jornada com o gado em seu destino
O peão volta pra casa com a bênção do Divino.
He!!! boiada e boiadeiro vai,
Corre o trecho que a noite já vem
He!!! boiada e boiadeiro vai
Que o final da estrada é muito além.